Dólar acumula alta de 3,71% em outubro
A moeda americana fechou o pregão de hoje em alta de 0,41%, negociado a R$ 5,6476, e, na semana, acumulou uma valorização de 0,34%
Pontos-chave
- <p>Durante a tarde desta sexta, o dólar virou pontualmente, reagindo aos comentários do novo secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle</p>
- <p>No exterior, a dinâmica dos mercados pode contribuir com a piora do câmbio no Brasil</p>
A decisão do governo do presidente Jair Bolsonaro de patrocinar a mudança do regime fiscal brasileiro para permitir um maior gasto em 2022, ano de eleição, fez o real sofrer uma nova rodada de depreciação em outubro. No pregão desta sexta-feira (29), o dólar encerrou cotado a R$ 5,6476, alta de 0,41%. Dessa forma, a moeda americana acumulou alta de 0,34% na semana e de 3,71% no mês, após já ter avançado 5,34% em setembro.
Durante a tarde desta sexta, o dólar virou pontualmente, reagindo aos comentários do novo secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle. Ele afirmou que o órgão pode intervir com o Banco Central no mercado de juros para evitar eventuais disfuncionalidades. As declarações rapidamente fizeram o dólar enfraquecer e tocar a mínima do dia, a R$ 5,5981. O movimento, no entanto, não se sustentou.
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Revelada na semana passada, a intenção do governo de promover uma mudança na regra do teto de gastos e, dessa forma, liberar um espaço de R$ 83 bilhões para o ano que vem sob o “novo” teto, acabou não avançando esta semana. Pelo contrário, diante da resistência de parte dos parlamentares, o governo passou a cogitar um ‘plano B’ para a concessão de um benefício maior em 2022, que seria a extensão do auxílio emergencial. A medida seria introduzida por meio de Medida Provisória (MP), o que facilita o trâmite no Congresso.
“Uma vez que os parâmetros por trás desse ‘plano B’ ainda não foram revelados, é difícil fazer uma comparação com a primeira”, disse o Citi. “No entanto, enquanto a PEC dos Precatórios está inicialmente limitada a algo por volta de R$ 90 bilhões, um estado de calamidade pública seria inicialmente pior, já que permite gastos ilimitados ao longo de de 2022.”
Diante do aumento das incertezas sobre o cenário fiscal no médio prazo, parte do mercado se ressentiu da decisão do Copom de conceder uma alta de 150 pontos-base na Selic, na quarta-feira (27).
“O BC também indicou uma alta de igual magnitude em dezembro. No entanto, dada a reação negativa, não descartamos que uma alta de 200 pontos possa ser necessária para ancorar os mercados financeiros do país”, nota o Scotiabank em relatório publicado hoje. Com essa avaliação, o banco canadense elevou para 12,25% a projeção para o patamar terminal da taxa de juros, cujo ciclo de altas terminaria em abril de 2022. Apesar desse movimento, o dólar poderia atingir R$ 5,80 no Brasil no fim do terceiro trimestre, avalia o banco.
“Enquanto não soubermos como essa história [do Auxílio Brasil] vai terminar, os mercados não vão se acalmar. Pode ser que os ativos já tenham piorado tudo que podiam, mas, mesmo assim, a especulação seguirá em alta”, diz o diretor da WIA Investimentos, José Faria Junior. “E o principal motivo é a falta de senso de urgência dos políticos em resolver essas questões.”
Junior nota que, lá fora, a dinâmica dos mercados tem tudo para contribuir com a piora do câmbio no Brasil. “Os próximos doze dias serão muito importantes. Vai ter a reunião do Federal Reserve, na quarta-feira [3], o ‘payroll’ [relatório de emprego dos Estados Unidos], na sexta-feira [5], e o CPI de outubro dos EUA na quarta seguinte.
São eventos que podem ser muito favoráveis ao dólar”, afirmou. “Se ele retomar a tendência de alta, que perdeu momentaneamente nos últimos pregões, acho muito difícil nós voltarmos a ver a moeda americana abaixo de R$ 5,54, que foi a mínima da semana no Brasil.”