Crise na Argentina: por que o descontrole econômico não tem fim?
Peso enfraquecido e o dólar forte no mercado paralelo pode ser o sonho do turista, mas é o pesadelo do local. Entenda a razão.
Eu entrei para a estatística de brasileiros que foram passear na Argentina e viver como se ricos fossem. Situação que é ótima para o turista, mas a crise argentina afeta muito a população local. Como eu sei que sempre tem alguém que está em Buenos Aires, Mendoza, Bariloche, explico para vocês por que o descontrole econômico faz com que o peso argentino se torne barato perante outras moedas estrangeiras, como o nosso real e o dólar americano.
Crise argentina faz peso desvalorizar
Pensando como qualquer turista, é normal que você queira ir para onde seu dinheiro vale mais. Ainda mais em um local como a Argentina que, diferente de outros países, tem vários tipos de dólar. Em resumo, isso começa com o governo local gastando demais e dando vários calotes em instituições financeiras internacionais, como o FMI. Com isso, eles perderam a credibilidade com os investidores estrangeiros.
Desta forma, eles fizeram o quê? O que todo país da América Latina faz: começa a emitir mais moeda com seu próprio Banco Central, para financiar gastos públicos. Uma vez que, com mais dinheiro em circulação, a inflação aumenta e a economia vai sendo levada para uma crise. Por consequência, as pessoas tentam fugir da crise se resguardando em uma moeda forte como o dólar, aumentando a demanda. Por fim, o preço do dólar aumenta, e o preço do peso argentino diminui.
Controle de dólares: bom para o turismo, ruim para o local
Para evitar essa fuga de dólares, a Argentina começou a fazer controle de capitais, que é, basicamente, dificultar que a moeda saia do país. Uma dessas medidas desastrosas que eu posso citar é uma muito parecida com o que aconteceu no Brasil nos anos 90, de congelamento de poupanças. As pessoas não podiam acessar o seu próprio dinheiro, porque estava congelado. Lá na Argentina, em 2001, eles criaram o Corralito, que em português significa “curralzinho”, em que as pessoas fossem cercadas pelo governo e só podiam sacar até US$ 250. Com isso, o argentino começou a ter que apelar para um mercado paralelo.
Como funciona o mercado paralelo de dólar argentino? Conto para vocês na próxima coluna.