Bancos dos EUA perderam uma Petrobras e um Itaú em apenas um dia com crise do SVB

Levantamento aponta perdas de US$ 100 bi em valor de mercado para os bancos em uma única sessão

Bank of America. Foto: Stephanie Keith/File Photo/Reuters
Bank of America. Foto: Stephanie Keith/File Photo/Reuters

Os bancos americanos perderam US$ 100 bilhões em valor de mercado em apenas um dia no pregão de Nova York com a crise do Silicon Valley Bank, segundo levantamento. O montante perdido só na segunda-feira (13) equivale aos valores de mercado da Petrobras e do Itaú somados, segundo o TradeMap.

“No dia 10 de março, o valor de mercado de 292 bancos listados nos EUA era de US$ 1,65 trilhão contra US$ 1,54 trilhão no dia 13 de março. A queda de US$ 110,9 bilhões daria para comprar as ações da Petrobras e Itaú Unibanco que são a segunda e terceira maiores empresas por valor de mercado da bolsa B3. Juntas, somam US$ 106,3 bilhões em valor de mercado”, diz Einar Rivero, head Comercial do TradeMap.

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Entre as maiores perdas, destaque para o Bank of America, que perdeu US$ 14 bilhões, valor equivalente ao da Eletrobras. A segunda maior queda é da Wells Fargo, que recuou US$ 11,2 bilhões, valor equivalente ao da Suzano.

Desdobramentos da crise

Apesar do impacto, a crise não significa exatamente um risco sistêmico, como a dos subprimes em 2008, segundo análise de analistas da XP.

“O grande problema com o SVB foi a desalinhamento de prazos de títulos e a má gestão de risco. Portanto, há uma grande diferença entre os efeitos do SVB no mercado e o que aconteceu em 2008. Durante a Crise do Subprime, os bancos estavam todos fortemente expostos uns aos outros, e expostos a títulos de hipotecas muito ilíquidos que haviam criado”, diz o texto.

Os especialistas avaliam ainda que “o risco de um descompasso entre ativos e passivos nos balanços dos principais bancos parece controlado. Uma grande preocupação poderia ser um aumento repentino nas taxas de inadimplência. Porém, como a economia dos Estados Unidos parece sólida e a taxa de desemprego continua baixa, não parece ser o caso”, completam.

Projeções para o curto prazo

Para o curto prazo, os mercados pelo mundo permanecerão muito sensíveis às notícias vindas dos EUA, tanto em questão à saúde do sistema bancário local quanto aos indicadores e decisões a respeito da política monetária.

Mostra disso é o bom desempenho das bolsas nesta terça, depois de divulgada inflação americana dentro do esperado para o mês de fevereiro, o que pode fortalecer a tese de que um afrouxamento da política de juros nos EUA está mais próximo. 

Relevância do SVB no setor bancário

Apesar de ser um banco relevante, o 18º maior dos Estados Unidos, antes da crise, os ativos em posse do SVB eram modestos em relação aos grandes bancos americanos. A título de comparação, Citi e JP Morgan têm mais de US$ 3 trilhões em ativos cada, contra cerca de US$ 200 bilhões do SVB.

O fato de o banco ser muito atrelado ao setor de inovação reduziu ainda mais os impactos da crise, diz Willian Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira. “Era um banco muito atrelado ao desempenho de um determinado setor, ou até mesmo de uma única geografia (a gente viu bancos regionais sofrendo, exatamente porque ficam restritos a um tipo de negócio). E nichado num setor que passa por um momento muito desafiador”, diz Alves.

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