Dólar supera R$ 4,90 com incertezas sobre medidas para conter preços dos combustíveis
Moeda americana chegou a R$ 4,93 na máxima do dia
O dólar opera em forte alta nesta terça-feira desde o início dos negócios, superando os R$ 4,90 nas máximas do dia. Pesam contra o real os temores fiscais após o presidente Jair Bolsonaro propor zerar o ICMS e ressarcir os Estados para reduzir o preço dos combustíveis. No exterior, os ventos não são positivos, o que somado com a pressão local negativa, faz com que o real seja a moeda com pior performance entre 33 principais divisas globais.
Por volta das 13h30, o dólar operava em alta de 1,65%, a R$ 4,8754 no mercado à vista. Na máxima do dia chegou a R$ 4,9336. Já no mercado futuro, o dólar subia 1,61%, para R$ 4,9095.
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Ontem, o presidente Jair Bolsonaro propôs ressarcir os Estados, caso os governadores aceitem desonerar integralmente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel e o GLP (gás de cozinha). Além disso, o Executivo se comprometeu, por sua vez, a zerar o PIS, Cofins e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidentes sobre a gasolina e o etanol. O pacote é uma contrapartida para que o Congresso Nacional aprove o projeto que limita tributos estaduais (ICMS) sobre combustíveis, energia e telecomunicações em 17%.
As desonerações e a compensação serão propostas por meio de uma proposta de emenda constitucional (PEC), a ser editada pelo Executivo, com limite financeiro e temporal fixados no texto. O impacto fiscal das medidas, segundo fontes da equipe econômica, deve ficar em torno de R$ 40 bilhões.
O estrategista da Meta Asset Management, Alexandre Póvoa, lista três aspectos pelos quais a proposta do governo para baixar os preços dos combustíveis não é positiva.
“Paulo Guedes afirma que parte dos recursos virá do excesso de arrecadação por conta do crescimento econômico. Pergunta: Como contar com isso sem garantia alguma, se há o risco de queda da economia no segundo semestre causada pela alta de juros?”, questiona o profissional.
Segundo Póvoa, Guedes também dá a entender que parte dos recursos para bancar a medida terá origem na privatização da Eletrobras. “Trata-se de um completo absurdo usar os recursos da privatização de uma estatal para gastos correntes e não para novos investimentos”, segundo o estrategista.
Por fim, de acordo com o profissional da Meta Asset, estima-se que há uma defasagem de 20% no preço da gasolina em relação às cotações internacionais. “O que aconteceria, caso fosse feito um esforço de redução generalizada de impostos e a Petrobras aumentasse os preços em seguida, anulando tudo? Será que a Petrobras, agora sob nova direção de pessoas de confiança de Paulo Guedes, estará proibida de aumentar preços?”, finaliza.