Dólar e juros futuros sobem, com payroll nos EUA e crescimento de riscos fiscais no Brasil

O cenário é negativo nos mercados internacionais com preocupação com inflação e aumento de juros

(Foto: Celyn Kang/Unsplash)
(Foto: Celyn Kang/Unsplash)

O dia majoritariamente negativo para a tomada de risco no exterior juntou-se ao cenário local conturbado pelo crescimento dos riscos fiscais. Assim, o resultado é o acréscimo de prêmio de risco nos ativos locais, com alta do dólar, das taxas dos juros futuros e queda da bolsa.

De um lado, a criação de vagas de trabalho acima do consenso nos EUA eleva temores de um aperto monetário mais célere por parte do Fed (Federal Reserve) e, de outro, a ideia de decretar estado de calamidade pública externada por membros do governo devido ao preço dos combustíveis também pressiona os ativos locais e reduz a demanda por risco.

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Perto das 13h, o dólar comercial subia 0,73%, para R$ 4,8249, enquanto o dólar futuro avançava 0,55%, negociado a R$ 4,8655. No mesmo horário, o índice DXY, que mede a força da divisa americana ante uma cesta de seis moedas principais, operava em alta de 0,15%, aos 101,980 pontos.

Já as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) estendiam o movimento de alta dos últimos dias. O juro DI para janeiro de 2023 subia a 13,465%, de 13,44% do ajuste da véspera; o do DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,115%, de 13,045% do dia anterior; o do DI para janeiro de 2025 subia a 12,535%, de 12,455%; e o do janeiro de 2027 subia a 12,42%, de 12,355% do ajuste da véspera.

No mercado de renda fixa americano, as taxas aceleraram a alta após os dados do relatório de emprego (“payroll”) e contribuem para a abertura da curva de juros local. O rendimento da T-note de 10 anos subia a 2,973%, de 2,912% do encerramento da véspera, enquanto o juro da T-bond de 30 anos avançava a 3,155%, de 3,081% do dia anterior.

Os Estados Unidos criaram 390 mil vagas em maio, de acordo com o payroll divulgado há pouco pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou acima da expectativa de economistas consultados pelo The Wall Street Journal (WSJ), de criação de 328 mil postos de trabalho.

Os dados de abril foram revisados para cima, mostrando a criação de 436 mil vagas, de 428 mil postos de trabalho na leitura original, sinalizando que o mercado de trabalho nos EUA segue forte. Ainda assim, o aumento no mês passado foi o menor em 13 meses e interrompe uma série de 12 aumentos consecutivos de ao menos 400 mil vagas por mês ou mais.

“No geral, a pesquisa mostra uma desaceleração modesta no ritmo de contratação, mas ainda um ritmo muito saudável”, afirma o economista de mercados monetários da Jefferies, Thomas Simons.

No Brasil, os investidores seguem monitorando os esforços do governo e de congressistas para amenizar a alta nos preços dos combustíveis. Ontem, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, admitiu em entrevista à CNN Brasil a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro decretar estado de calamidade pública no país. A medida permitiria pagar despesas fora do teto de gastos, com o uso de créditos extraordinários, como foi feito em 2020, durante a pandemia.

“Em paralelo, os impasses relacionados à concessão de subsídios ao diesel, como forma de atenuar os preços dos combustíveis, com a possibilidade de um novo decreto de calamidade, podem reforçar os temores com um ambiente de deterioração fiscal, com possíveis impactos no mercado cambial e de juros”, afirma a Ágora Investimentos.

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