Dólar em alta não se sustenta, avalia economista-chefe da Verde Asset
Economista avalia que alta do dólar é fenômeno global e faz parte de 'pico' de ciclo de câmbio: 'tendência é de desvalorização'
A alta do dólar contra o real no primeiro trimestre de 2024, levando a moeda norte-americana a valer mais de R$ 5, é vista pelo economista-chefe da Verde Asset, Daniel Leichsenring, como o “pico” de um ciclo global.
O especialista participou de um evento chamado Market Insights, organizado pelo Andbank
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Para ele, no curto prazo, a moeda tende a se estabilizar diante de uma cautela maior de bancos centrais para controlar a inflação. Mas, no longo prazo, o dólar deve perder valor contra moedas de países desenvolvidos, e o real pode se beneficiar desse movimento.
O economista da Verde considera como taxa de câmbio real, levando em conta a inflação brasileira, o patamar de R$ 4,70.
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Além disso, ele vê espaço para uma desvalorização da moeda. “Esses ciclos de câmbio têm prazo de 10 anos, geralmente, e se dividem entre picos e vales. Hoje nós estamos no pico”, disse Leichsenring.
Alta do dólar não se sustenta no longo prazo
Na avaliação do economista da Verde Asset, o pico de valorização do dólar hoje é global, não se limitando apenas a ganhos contra o real brasileiro.
“Estamos num pico de 20 anos de dólar contra pares do mundo inteiro. Contra o iene, contra o euro, contra a (libra) esterlina inglesa”, afirmou Daniel Leichsenring.
Ao explicar a recente oscilação do câmbio para cima de R$ 5, maior patamar para a moeda desde outubro, o economista afirma que a alta está “muito mais ligada” ao vencimento de títulos públicos. “Acho que isso não tem tanta relevância assim”, frisou.
Contudo, no prazo de 10 anos, Leichsenring é mais otimista e afirma que o real pode se beneficiar de um afrouxamento de política monetária internacional.
Isso deve acontecer à medida que países desenvolvidos começam a baixar – ou prever cortes – nas taxas, convergindo com economias em desenvolvimento.
Países como o Brasil anteciparam esses cortes, afirma o economista.
“Quase certamente a moeda vai cair contra pares internacionais nos próximos anos, convergindo para a média. E o real tende a se beneficiar desse movimento”, prevê.
O economista ainda ressalta que há uma relação entre o PIB do Brasil e a oscilação do dólar.
“Geralmente, quando o dólar se desvaloriza, o Brasil surpreende nas expectativas de crescimento”, aponta.
Contudo, o oposto também é verdadeiro.
Reeleição de Biden é melhor para juros e inflação global
Ainda segundo Daniel Leichsenring, da Verde Asset, a reeleição do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, seria “melhor para uma determinada dinâmica de inflação e juros global”.
O economista diz que o mercado financeiro norte-americano considera mais provável, por enquanto, a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos em 2024. A eleição do país é vista como “risco” para investidores segundo a Verde.
No curto prazo, com a vitória do Biden, teríamos juros mais baixos. Com a de Trump, teremos taxas maiores.”
Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset
“Eu não faço nenhum juízo de valor sobre se o que é melhor para o mundo é a eleição de um ou outro. Mas (a reeleição de Biden) é melhor para um determinado tipo de consequência sobre taxa de juros no mundo. Além disso, sobre o padrão, digamos, de inflação e preocupação em geopolítica”, diz Leichsenring.
Uma das pressões que a vitória do candidato republicano pode ter na inflação da economia americana, segundo o economista da Verde, é o corte de impostos sobre empresas.
Além disso, se Trump for eleito presidente pela segunda vez, Leichsenring cita que a probabilidade de imposição de tarifas sobre a China volta a subir.
No PodInvestir, em fevereiro, o fundador e sócio da SPX Capital, Rogério Xavier, afirmou que a eleição do republicano poderia ser negativa para o Brasil.
“Com Biden no poder, você terá, provavelmente, menos preocupação sobre a inflação num intervalo de tempo mais curto” afirmou o especialista da Verde. Isso manteria liberdade para o Fed cortar juros, conclui o economista.