Dólar em queda durante a guerra? Entenda os motivos da desvalorização

Historicamente favorecido por conflitos bélicos, o dólar agora cai; saiba os motivos

Veja o desempenho do dólar na relação com o real. Foto: Pixabay

Após forte valorização na semana passada, quando subiu 2,28%, o dólar em queda tem sido destaque na semana, voltando a perder força ante o real nas sessões desta semana até esta terça-feira (10). Mesmo com o conflito entre Israel e Palestina aumentando as incertezas sobre o mercado.

Nesse período, a moeda norte-americana caiu de R$ 5,16 para R$ 5,05, com queda de 1,44% nesta terça (10). Assim, o dólar se aproxima da projeção do mercado: R$ 5 no final de 2023.  

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Também no cenário internacional a divisa dos EUA perde força. O DXY, índice que compara o dólar a outras moedas importantes, estava em 106,04 pontos no fechamento da sexta, caindo para 105,82.

Veja o que apontam os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira sobre os motivos para a queda do dólar em relação ao real e outras moedas.

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Alívio sobre os juros americanos

A taxa de câmbio opera em queda repercutindo principalmente o ambiente de alívio nos juros americanos, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “Mesmo num contexto de incerteza no cenário internacional por conta da guerra”, afirma Mattos ao mencionar o conflito entre Israel e Palestina.

Houve uma percepção do aumento do risco global na abertura dos mercados na segunda-feira, com bolsas caindo, enquanto dólar e juros americanos subiam.

“Porém, esse movimento se reverteu na tarde de ontem e se prolongou para hoje depois dos comentários de autoridades do Fed, como o vice-presidente, Philip Jefferson, e da presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan”, ressalta Mattos.

As autoridades disseram que as altas recentes dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) já constituíram um aperto das condições financeiras nos EUA. “As condições de empréstimo para pessoas físicas e jurídicas estão mais restritivas e esse é o objetivo do Fed”, complementa o analista da StoneX.

Tesouro americano e a relação com o dólar

A alta dos Treasuries, em se mantendo, poderá levar a uma reanálise sobre as próximas decisões de juros do Fed, visto que as condições de crédito já estão mais restritas.

Além disso, uma queda nos treasuries é resultado do contexto de maior demanda pelos títulos, o que ajudou a derrubar o rendimento. “Isso porque aumenta a demanda, consequentemente, sobe o preço e por isso reduz o rendimento”, acrescenta Mattos.

Nesse contexto, de menor atratividade dos títulos americanos, o dólar também perde força em relação a outras moedas, o real entre elas.

Conflito entre Israel e Palestina e o impacto sobre o dólar

A sessão desta terça tem sido marcada também pela ascensão de moedas de países emergentes, com o real entre elas. Isso porque há uma redução na aversão à risco no mundo, o que favorece ativos mais instáveis. A moeda brasileira está entre eles.

Conflito entre Israel e Palestina
Conflito entre Israel e Palestina. Foto: HATEM MOUSSA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Em síntese, a melhora na percepção de risco está relacionada a uma identificação de redução das tensões no conflito entre Israel e Palestina. “A leitura atual é que o conflito ficará restrito aos dois protagonistas e não envolverá outros países”, diz Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Com isso, a perspectiva é que o real siga se valorizando, ao menos no curto prazo, na relação com o dólar, “possibilitando a retomada da estabilidade alcançada no decorrer deste ano pela moeda brasileira”, complementa Pizzani.

PIB brasileiro ajuda na valorização do real

Além disso, Pizzani destaca ainda a revisão para cima do PIB feita pelo FMI, que divulgou projeção de alta de 3,1% do PIB do Brasil para 2023.

Anteriormente, a projeção era de 2,1%, “sinalizando o bom desempenho da economia brasileira, mesmo em um ano marcado por tantos problemas no campo internacional”, diz o economista.

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