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Dólar em queda: especialistas revelam se moeda americana deveria estar ainda mais em baixa
A queda do dólar, que persiste abaixo dos R$ 5, foi destaque no noticiário dos últimos dias. Afinal, a cotação da moeda estrangeira recuou na última semana e fechou a R$ 4,91 na sexta-feira (14).
Será apenas uma queda pontual ou o começo de uma trajetória descendente mais prolongada? E mais: o que você tem a ver com isso?
Então, é uma boa ideia investir na moeda estrangeira? Ou é hora de vender os seus dólares?
Fizemos essas perguntas a três especialistas do mercado. Confira o que eles dizem e entenda o que está acontecendo com a taxa de câmbio.
Por que o dólar está caindo?
De acordo com os especialistas, alguns fatores compõem o cenário favorável à desvalorização do dólar em relação ao real na semana passada.
Para Guilherme Morais, analista da VG Research, o principal gatilho para a recente queda do dólar foi a divulgação dos dados de inflação (IPCA) do mês de março, que vieram abaixo das expectativas de mercado.
“Esses dados abrem ainda mais a possibilidade de o Banco Central Brasileiro iniciar cortes nos juros de forma antecipada”, diz ele.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, concorda. Em conjunto, os dois analistas destacam, ainda, o avanço do texto do novo arcabouço fiscal. Elogiada inclusive pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a proposta para controle das contas públicas acabou gerando melhores expectativas do mercado.
Além disso, houve a divulgação do índice de inflação dos Estados Unidos (CPI), que ficou abaixo da expectativa, como aconteceu no Brasil.
Como explica Guilherme, com a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) esteja próximo de encerrar o ciclo de aperto monetário, a tendência é de que moedas estrangeiras possam se beneficiar em relação ao dólar.
Pedro Paulo Silveira, diretor de investimentos da Nova Futura, destaca os mesmos elementos. E acrescenta a queda do dólar em termos globais, que, na sua opinião, tem ainda mais peso do que a melhora da inflação e a chance do arcabouço fiscal.
O que significa a queda do dólar?
Outra pergunta que ronda a mente de muitos investidores é se o dólar opera em queda relação a outras moedas.
Para Pedro Paulo, não há dúvida. “O dólar aqui teve uma influência grande do dólar lá fora”, afirma.
“Ele está perdendo para euro (2%), dólar australiano (2%), libra (2,6%), baht tailandês (1%), won sul-coreano (5%), peso mexicano (8%), peso colombiano (9,7%) e real (7%)”, calcula o diretor de investimentos da Nova Futura.
Fernando, do Andbank, é direto na respota. “O real foi a moeda que mais se valorizou”, afirma.
Fonte: Market Watch
Guillherme endossa a afirmação. “O movimento de queda do real foi mais acentuado do que a das outras moedas”, complementa.
E, para quem quiser entender melhor esse movimento, ele lembra que a melhor forma de avaliar a dinâmica do dólar no mundo é por meio do Dollar Index (DXY), que é composto por euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço.
Fonte: Market Watch
“De modo geral, podemos perceber que a trajetória do real não está descolada do que tem acontecido com a cotação de outras importantes moedas”, afirma.
Ele lembra ainda que, em março, o dólar ainda tinha se valorizado com o receio da crise bancária.
Dólar deveria cair mais?
Essa é uma resposta impossível de oferecer. Afinal, como define Fernando, o dólar é consequência de uma série de eventos. Isso significa que a intensidade e mesmo a continuação dessa queda depende de uma série de condições.
“Se o mundo está mais positivo, se a Europa está caminhando, se a China está se recuperando, se o governo consegue aprovar o arcabouço fiscal e entregar metas de crescimento, a tendência é de que o dólar continue caindo”, afirma.
Para completar, o analista acredita que o início de captações de recursos externos também deve valorizar o real.
Guilherme acredita que exista espaço para o dólar manter a trajetória de queda. “Principalmente se as propostas de reforma avançarem, além da redução dos juros, o que faz com que a bolsa brasileira fique mais atrativa para os investidores estrangeiros”, diz ele.
Ainda assim, ele lembra que o câmbio é naturalmente volátil e que essa trajetória pode ser alterada por outras notícias.
“A variação de curto prazo do dólar é difícil de ser estimada com precisão”, destaca.
Pedro Paulo concorda que é difícil dizer, de antemão, se a moeda continuará a cair. “Lá fora, pode continuar caindo, mas depende de como o FED vai reagir aos dados, quando eles saírem”, afirma.
Por aqui, na sua opinião, é importante que a inflação continue baixando e que o arcabouço seja eficiente para estabilizar a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto).
É hora de comprar dólar?
Essa é sempre a pergunta mais pertinente para o investidor. Pois bem, é hora de comprar dólar?
“Para o investidor de longo prazo acredito que esta seja uma janela interessante para comprar dólares, principalmente para quem está começando a investir no exterior”, afirma Guilherme.
Ainda que seja difícil acertar a trajetória da moeda no curto prazo, ele acredita que, no longo prazo, o dólar deve ter vantagens em relação ao real.
“Pode ser que ele continue a sua trajetória de queda, mas o investidor não precisa adivinhar o melhor momento de compra do dólar para ter bons resultados no longo prazo”, diz ele. “Ele precisa se expor de forma consistente e com disciplina ao longo dos anos.”
Pedro Paulo acredita que, para quem tem uma dívida ou pretende fazer uma viagem, sempre é hora de comprar dólar. “A volatilidade da moeda é muito grande e deve ser mitigada com compras espaçadas”, explica.
Ele ressalta, no entanto, que é sempre recomendável manter uma parcela das carteiras de investimentos em outras moedas.
Vale a pena especular com o dólar?
Saber se vale ou não a pena especular com dólar é algo complexo. “Agora, apostar especulativamente se o dólar vai subir só porque caiu demais é pouco recomendável”, alerta.
Fernando, por sua vez, devolve a pergunta para o investidor que pensa em comprar a moeda estrangeira. “Você acredita que o pior do mundo já passou? Acha que a inflação já cedeu e que teremos um cenário positivo? Se a resposta por positiva, talvez seja um bom momento para comprar”, diz ele.
Por fim, como destaca Pedro Paulo, esta semana ainda terá agenda carregadíssima, tanto aqui quanto lá fora.
“Destaco o arcabouço fiscal na Câmara, o PIB nos EUA, a inflação e os resultados corporativos”, diz ele.
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