6 coisas que você precisa saber sobre o dólar em queda; uma delas é que ele pode subir

Dólar baixo pode favorecer consumo e investimentos; saiba o que fazer diante da queda da moeda ao menor patamar em muito tempo

Foto: Lisa Marie David/Reuters
Foto: Lisa Marie David/Reuters

Apesar da alta nesta terça-feira (20), o dólar está em queda em 2023 e tem atraído a atenção dos investidores e consumidores. Mas como se beneficiar da queda da moeda norte-americana em relação ao real?

Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira apontam qual deve ser o panorama para o dólar ao longo deste ano. Além disso, falam sobre como tirar proveito da moeda negociada a R$ 5 ou abaixo desse patamar.

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1. Menor patamar desde junho de 2022

O patamar de R$ 4,77, atingido pelo dólar no fim do pregão da segunda-feira (20), é o menor valor desde 1º de junho de 2022 em se tratando de fechamento – a sessão registrou também a menor mínima de 2023: R$ 4,7592.

Entre o fechamento do primeiro dia de janeiro e o último, em 19 de junho, o dólar caiu de R$ 5,3571 para R$ 4,7782, queda de mais de 10%.

Já a máxima da divisa em 2023 foi registrada logo no começo do ano. No dia 3 de janeiro, a moeda avançou a R$ 5,4807, mas no final daquele pregão recuou ligeiramente, fechando em R$ 5,3571.

2. Motivos da queda do dólar

Um dos fatores que contribui para um real mais forte em relação ao dólar é o saldo comercial positivo, que aponta para um fluxo comprador de reais, além da perspectiva de queda na taxa básica de juros. “Assim, a demanda por ativos locais sobem, apreciando a moeda local”, diz o economista André Perfeito.

Com a economia melhorando, a demanda doméstica pode subir, aumentando as importações de bens e serviços, o que diminuiria o saldo comercial.

Já na questão da política monetária, quando iniciarem os cortes de fato na Selic, os ativos já estarão corrigidos. “Logo, imaginar uma maior apreciação por esse motivo tem limites”, avalia Perfeito. Esses dois pontos podem fazer a curva atual do dólar mudar.

3. Dólar pode voltar a subir

“Esses dois fatores que vem ajudado o real a se apreciar devem se acomodar no segundo semestre, o que fará a moeda brasileira se depreciar levemente”, projeta Perfeito.

Em resumo, “esta queda tem limite”, diz. “Mantenho a projeção de R$ 5,00 ao final do ano tal qual projetado no cenário apresentado no início deste ano”, completa.

4. Comprar dólar pode ser uma boa

A recomendação dada pela maioria dos especialistas consultados pela Inteligência Financeira é ir comprando dólares em lotes menores, em vez de fazer tudo de uma vez, para obter um preço médio.

Porém, é preciso verificar se as taxas envolvidas em cada operação, como a de delivery, não encarecem as transações a ponto de tornar as transações um mau negócio.

5. Investimentos na bolsa podem se apreciar

Na renda variável, as empresas da bolsa de valores que devem se beneficiar da queda do dólar são as que estão sujeitas a ciclos domésticos de consumo. A redução do preço do dólar em relação ao real possibilita que as empresas recuperem margem de lucro interessantes.

Em resumo, “empresas de alimentos, aviação doméstica e do setor financeiro ligado ao segmento de investimentos (financial deepening) se beneficiam da valorização do real ante do dólar”, explica João Piccioni, analista da Empiricus Research.

Para Acilio Marinello, coordenador do MBA Executivo em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, outros setores que podem se beneficiar são os de moda, agronegócio e saúde.

“Uma grande oportunidade são as empresas que consomem em moeda estrangeira. Então, todas as empresas que importam muitos materiais”, afirma.

Por outro lado, a queda do dólar frente ao real traz mais dificuldades para o setor de commodities, que passam a ter margens comprimidas; máquinas e equipamentos, com a desaceleração das exportações; e indústrias ligadas a importação de bens que montam aqui produtos importados.

“Estas acabam sendo prejudicadas pela possibilidade de maior competição das estrangeiras”, destaca Piccioni.

6. Preços começam a cair

A redução dos preços de produtos relacionados ao dólar tendem a atrasar ligeiramente em relação ao movimento de queda da moeda norte-americana.

“As empresas estão comprando insumos importados com menor custo agora. O produto que já está na prateleira foi produzido com insumos comprados há meses, com o dólar ainda alto”, detalha Marinello.

“Provavelmente, essa valorização do real vai começar a gerar algum efeito agora. Estamos percebendo isso nos índices de inflação, que estão arrefecendo”, diz o especialista, se referindo tanto ao preço do produto local feito com insumos estrangeiros quanto para produtos acabados produzidos fora.

Além disso, também os itens nacionais costumeiramente destinados à exportação tendem a sofrer um impacto, com boa parte deles sendo destinados ao consumo do mercado interno.

“Com o real valorizado, fica mais caro exportar, então, sobra mais produto para o mercado interno, tendendo a baratear o preço. Então, talvez a carne bovina e suína, grandes itens de exportação, comecem a baratear”, avalia.

Ainda assim, os movimentos mais abruptos de preço para o consumidor final devem ser percebidos apenas a partir de julho. “Isso, se mantidas as condições macroeconômicas atuais”, completa Marinello.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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