Sergio Vale: ‘Mais provável é o dólar se manter ao redor de R$ 6 nos próximos meses’
Para economista-chefe da MB Associados, melhora no câmbio é pontual e real continuará pressionado

Se o dólar perdeu força, abandonou o patamar de R$ 6 e animou o brasileiro sobre a trajetória do real para 2025, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, joga um balde de água fria.
Para ele, a melhora no câmbio é pontual. Sem uma grande notícia no lado fiscal brasileiro ou no estilo de negociação de Donald Trump, a moeda brasileira deve se manter pressionada ainda por um bom tempo.
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“O mais provável será o dólar se manter ao redor de R$ 6 ao longo dos próximos meses”, afirma Sergio Vale, em relatório distribuído ao mercado nesta sexta-feira (07).
Trump e o dólar abaixo de R$ 6
A divisa americana começou o ano cotada a R$ 6,22 e, nos últimos dias, opera em torno de R$ 5,73. Ao longo de janeiro, então, o dólar acumulou desvalorização de 5,31%. Em fevereiro, continua caindo, para algo próximo de 1,50%.
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Para o economista, porém, a razão mais evidente para a essa apreciação está no fato de que Trump, o presidente dos Estados Unidos, resolveu atacar seus vizinhos mais fracos do que a China quando tomou posse.
“Seja porque os bilionários aglutinados ao redor de Trump lhe avisaram o desastre que seria uma mega tarifação. Seja pela China desejar fortemente uma conciliação dado que ela está mais dependente do comércio exterior para crescer. O fato é que Trump retrocedeu”, ele destaca.
“Como havia a expectativa de uma forte guerra comercial iniciando de partida e isso não aconteceu, o câmbio perdeu fôlego”, conclui.
Para entender mais sobre o assunto |
Outra reportagem da Inteligência Financeira indica: tem muita gente concordando com Sergio Vale. Se você quiser ler mais a respeito, vale acessar a matéria ‘Queda histórica do dólar não muda tendência de valorização em 2025’. Basta clicar aqui. |
Fiscal ajudou, mas pouco
Do lado especificamente local, Sergio Vale também aponta que notícias de curto prazo com relação às contas do governo ajudaram a segurar a desvalorização do real. Dentre elas, ele diz, a venda de reservas internacionais em dezembro, que diminuiu a dívida bruta. Isso corroborou para o déficit primário encerrar o ano em 0,1% do PIB.
No entanto, para uma efeito mais duradouro, o País precisa encaminhar soluções para o fiscal de médio prazo, o que não parece contemplado nas medidas atuais do governo.
Juros para além do dólar a R$ 6
Com relação à taxa básica de juros da economia brasileira, o economista chefe da MB enxerga que o esforço do Banco Central em aumentar a Selic já traz impactos para o desaquecimento da economia.
Os indicadores de emprego, que andavam fortes ao longo de 2024, reduziram o ímpeto com a leitura da PNAD e do Caged de dezembro. Os dados de atividade, como a indústria, também seguem em desaceleração. Assim como os indicadores de confiança, que caíram em janeiro. Mesmo assim, os sinais não representam uma virada na economia.
“(Os sinais apontam), com mais precisão que este ano terá crescimento menor do que o ano passado. Em 2024, o país conseguiu crescer 3,4% e este ano deverá ficar em torno de 1,8%, com a desaceleração
avançando no segundo semestre”, destaca.
Para ele, o choque de juros, que deve levar a Selic a 15,5%, terá impactos para o consumidor e as empresas. Segundo ele, espera-se um aumento no número de recuperações judicias, a exemplo do que se viu no ano passado.