Acionistas começam a desembarcar da Netflix, após 1ª perda de assinantes em uma década
O bilionário Bill Ackman se desfez de sua participação na Netflix, amargando um prejuízo de mais de US$ 430 milhões
Um dia após anunciar a perda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano, acionistas começam a deixar a empresa. O bilionário Bill Ackman se desfez de sua participação na Netflix, amargando um prejuízo de mais de US$ 430 milhões. Nesta quinta-feira, as ações da companhia voltaram a cair na Nasdaq, Bolsa de tecnologia de Nova York.
Por volta de 13h do horário de Brasília, os papéis (NFLX) apresentavam recuo de 5,35%. No mesmo horário, a Bolsa americana caía 0,28%.
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O fundo Pershing Square Capital Management, de Ackman, havia comprado US$ 1 billhão em ações da gigante de streaming em janeiro, mas vendeu sua fatia na Netflix após a companhia relatar a queda inesperada no número de assinantes e projetar um declínio ainda mais acentuado que o atual.
As ações da empresa caíram 35,12% na quarta, para US$ 226,19, na Bolsa de Nova York, tornando-se o pior desempenho no S&P 500 deste ano.
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Em janeiro, o Pershing Square aproveitou que os papéis da Netflix tinham começado a cair devido a preocupações com sua base de assinantes para comprar mais de 3,1 milhões de ações.
Com isso, passou à lista dos 20 maiores acionistas da companhia de streaming, embora a fatia não chegasse a 1%.
Com base no preço das ações de antes de Ackman divulgar sua participação em 26 de janeiro, seu fundo perdeu cerca de US$ 435 milhões nesta quarta-feira. Um representante da Pershing Square se recusou a comentar sobre o tamanho da perda.
Igor Cavaca, head de gestão de recursos da Warren Investimentos, diz que a subida de juros ao redor do mundo impacta o setor de tecnologia, que costuma trabalhar alavancado. Como essas empresas tomam muita dívida para manter o crescimento, a alta das taxas faz com que o valor do negócio caia.
Para ele, o aumento da concorrência e a retomada da economia, com fim do isolamento social, podem indicar nova tendência de perda de assinantes nos próximos balanços. “É um momento complicado para o setor de tecnologia. A gente viu a entrada e o fortalecimento de concorrentes, como Amazon, HBO, Disney Plus. Além disso, o streaming foi um entretenimento muito usado durante a pandemia. Agora, as pessoas não querem ficar mais em casa.”
Para João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos, a redução do crescimento além do esperado ocorreu principalmente pelo fator competição. “A Netflix, que foi pioneira e destruiu o Blockbuster, agora enfrenta concorrência até de serviços locais, como o Globoplay no Brasil. Outra questão que é um problema é o compartilhamento de senhas. Muita gente acaba tendo acesso sem ser pagante”, diz.
Ações atingiram pico em novembro
As ações da Netflix atingiram o pico em novembro, em meio à pandemia, mais que dobrando seu valor desde o início de 2020. Neste ano, elas já acumulam perda de 62%.
A queda supera em muito o declínio de 13% do índice Nasdaq 100, que reúne empresas de tecnologia, no período. Entre as empresas que compõem o índice, a Netflix tem o terceiro pior desempenho do ano.
Ao comprar as ações depois que elas começaram a cair, Ackman disse em janeiro, em uma carta aos acionistas, que “a oportunidade de adquirir a Netflix com uma avaliação atraente surgiu quando os investidores reagiram negativamente ao crescimento de assinantes do último trimestre e às orientações de curto prazo da administração”.
Em sua carta aos acionistas na quarta-feira, Ackman disse que aprendeu com os erros do passado a sair logo das apostas ruins. E acrescentou que vai redistribuir o dinheiro da venda da participação da Netflix em outras oportunidades.