Ações da Netflix despencam, e valor de mercado pode cair US$ 50 bilhões
Os investidores esperavam que a empresa acrescentasse novos usuários no primeiro trimestre; em vez disso, encerrou os três primeiros meses do ano com 200 mil assinantes a menos

As ações da Netflix estão a caminho de seu pior dia em anos depois que a gigante do streaming informou que perdeu assinantes no primeiro trimestre.
Apenas no pré-mercado de Nova York, as ações perderam um quarto de seu valor. Na abertura do pregão regular, os papéis registraram forte queda e cediam mais de 38% perto de 11h15, em reação ao balanço de primeiro trimestre da companhia, que apresentou perda de assinantes pela primeira vez em dez anos.
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Caso a devalorização se mantenha até o fim da sessão, a Netflix vai perder cerca de US$ 50 bilhões em valor de mercado, uma das maiores desvalorizações em um único dia na história do mercado americano.
Os investidores esperavam que a empresa acrescentasse novos usuários no primeiro trimestre. Em vez disso, a Netflix disse que encerrou os três primeiros meses do ano com 200 mil assinantes a menos do que tinha no quarto trimestre e disse que espera perder 2 milhões de assinantes globais no trimestre atual.
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É a segunda vez que as ações caem desta forma neste ano. Em janeiro, os papéis caíram mais de 20% quando a empresa de streaming disse que esperava adicionar um número muito menor de assinantes do que no ano anterior. A última vez que as ações da Netflix caíram 25% em um único dia foi em 25 de julho de 2012, de acordo com a FactSet, um dia depois que a empresa alertou sobre a desaceleração do crescimento de seu serviço de assinatura. Sem contar a queda no pré-mercado, as ações caíram mais de 40% no ano até terça-feira.
A Netflix é uma das ações originais do chamado “FANG”, um quarteto de grandes empresas de internet que refletem o domínio das ações de tecnologia nos mercados dos EUA. As outras são Meta Platforms, dona do Facebook, Amazon.com e Alphabet, dona do Google. Alguns analistas também incluem a Apple.
Os usuários valeram-se da Netflix nos meses iniciais da pandemia de coronavírus, pois os isolamentos e as medidas para conter o vírus mantinham as pessoas em casa, elevando o preço das ações da empresa a recordes. A flexibilização das restrições e o aumento da concorrência de outros serviços de streaming no ano passado apresentaram obstáculos ao crescimento da Netflix.
“Ninguém esperava que a Netflix anunciasse perda assinantes. Era esperado uma desaceleração nas assinaturas, mas ver a Netflix perdendo assinantes é um grande negócio”, disse Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank, uma corretora online.
A Netflix está avaliando a oferta de uma versão da plataforma com anúncios de preço mais baixo para aumentar sua base de assinantes, uma grande mudança para uma empresa que se vendeu desde o início como um paraíso sem comerciais para seus membros. A empresa havia aumentado sua taxa de assinatura no início deste ano.
O número crescente de opções de streaming tornou os consumidores mais sensíveis aos preços. A Netflix está entre os poucos grandes serviços de streaming que ainda não ofereceram uma opção mais barata e suportada por anúncios. O Hulu, da Walt Disney, faz isso há muito tempo, enquanto o HBO Max e o Disney+ também foram pelo caminho do streaming bancado por anúncios.
Essa situação aumenta as preocupações dos investidores de que o aumento dos preços reduzirá os gastos do consumidor em bens e serviços não essenciais.
“As pessoas estão perguntando: ‘Isso vale a pena?’”, disse Ozkardeskaya. “À medida que os preços sobem, o limite de valor está sendo puxado para cima e isso está empurrando as pessoas para a saída.”
Analistas cortam recomendação
Analistas de Wall Street estão punindo a Netflix após a companhia apresentar perda de usuários pela primeira vez em 10 anos. O banco de investimentos Stifel cortou a recomendação das ações de compra para neutro, assim como J.P.Morgan, Bank of America (BofA), Wedbush Securities, Citi, Goldman Sachs, UBS, Berenberg, entre outras casas.
Além do corte de recomendação, o ajuste também acontece nos preços-alvos, com muitos dos analistas cortando pela metade a projeção dos papéis, em decorrência da perspectiva ruim para a empresa nos próximos períodos.