Alemanha se prepara para racionar gás após impasse com a Rússia sobre pagamento em rublo

Ministério da Economia alemão acionou plano de contingência contra eventual desabastecimento

Zona industrial na Alemanha (Foto: Marcin Jozwiak)
Zona industrial na Alemanha (Foto: Marcin Jozwiak)

A Alemanha começou nesta quarta-feira (30) a se preparar para uma queda repentina no fornecimento de gás natural russo em meio a ameaças de Moscou de reduzir as exportações de energia.

O ministro da Economia, Robert Habeck, disse que o governo acionou um estágio de alerta antecipado de um plano de contingência que visa proteger o país contra qualquer possível redução nas entregas de gás russo, embora, por enquanto, o fornecimento continue normal.

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“Não há escassez de oferta atualmente, mas devemos aumentar nossa preparação e estar prontos para o caso de uma escalada da Rússia”, disse Habeck.

O anúncio ocorre após o governo da Rússia ter dito na semana passada que receberia apenas rublos pelas exportações de gás. Os contratos entre as empresas alemãs e russas são denominados em euros. As sanções impostas a Moscou pela invasão da Ucrânia impedem as companhias ocidentais de comprar a moeda russa.

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O preço de referência do gás europeu subiu quase 12% nesta quarta-feira, a maior alta em uma semana, mas ainda estava bem abaixo do nível registrado no início do mês. As cotações são normalmente voláteis e podem oscilar devido a mudanças no clima, nos níveis de armazenamento e na oferta.

Os pagamentos pelo fornecimento de energia foram isentos das sanções dos EUA e da União Europeia (UE) para garantir que o fluxo de energia e dólares pudesse continuar. Os países ocidentais impuseram medidas para criar pressão máxima a Rússia sem prejudicar suas próprias economias.

O acionamento precoce do estágio de alerta é uma formalidade no plano de contingência da Alemanha em caso de possível falta de energia. Isso significa que uma força-tarefa especial do governo será criada para monitorar os mercados globais de gás e intervir, se necessário.

Em caso de falta de gás, o plano de contingência prevê uma redução gradual do consumo, que afetará primeiro as indústrias não essenciais. O racionamento para aquecimento e abastecimento das residências é a última etapa da série de medidas emergenciais.

Com as temperaturas subindo com o início da primavera na Europa, Habeck disse que a principal tarefa agora é armazenar gás suficiente durante os meses mais quentes para que o país possa ter reservas no período mais frio. “A questão decisiva para mim é o quão cheio estará nosso armazenamento no próximo inverno”, disse ele.

A Alemanha tem procurado aumentar o fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) e anunciou que financiará a construção de até dois terminais de GNL no Mar do Norte. Em uma recente viagem ao Catar, um dos principais exportadores do produto, Habeck disse que chegou a um acordo preliminar de fornecimento, sem dar detalhes.

Os Estados Unidos também anunciaram que aumentariam significativamente as exportações de GNL para a Europa, ajudando a substituir cerca de um terço do gás fornecido pela Rússia à região.

Representantes das companhias de gás da Alemanha elogiaram o anúncio de Habeck. Tim Kehlen, chefe da associação industrial Zunkunft Gas, disse que as empresas alemãs não foram oficialmente notificadas sobre qualquer mudança nos pagamentos.

Como as empresas alemãs não podem violar os contratos existentes e pagar em rublos — como exige Moscou — havia o perigo de uma possível escassez, segundo Kehlen. “Acionar o estágio de alerta do plano de contingência é, portanto, um passo significativo”, disse ele.

A Alemanha, que ajudou a construir dois gasodutos submarinos que a conectam à Rússia, é o maior comprador global do gás russo e depende de Moscou para mais de 50% de seu fornecimento. Vários governos alemães, especialmente o da ex-premiê Angela Merkel, aumentaram gradualmente a dependência do país de importações da energia barata da Rússia.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, no entanto, o governo de Olaf Scholz anunciou que pretende interromper todas as importações de gás da Rússia até 2024.

(Do Valor PRO, o sistema de notícias em tempo real do Valor Econômico)

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