Alívio de serviços em agosto é positivo, mas pequeno para dizer que sinal ‘virou’, diz Armor

'Bens industriais tendem a seguir uma trajetória melhor, porque o mundo está desacelerando, o que implica commodities com preços mais tranquilos', diz economista-chefe da Armor

Foto: Polina Tankilevitch/Pexels
Foto: Polina Tankilevitch/Pexels

A descompressão observada nos serviços em agosto, sobretudo os subjacentes – aqueles mais ligados ao ciclo econômico -, ainda é pequena, mas um bom sinal, diz Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital.

“Só estávamos vendo surpresas para cima. É muito cedo para dizer que o sentido já virou completamente, mas é um bom sinal ver essa inflação de serviços, que é mais inercial e menos volátil que a de bens industriais, dar um respiro na margem”, afirma.

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É preciso aguardar as próximas leituras, mas pode ser que o dado de agosto mostre que o pico da inflação de serviços ficou para trás, diz Damico. “Acho que vai dar as condições para o Banco Central parar de subir juros.”

Na sexta-feira (9), o IBGE informou que o IPCA de agosto recuou 0,36%, contração menor do que a mediana colhida pelo Valor Data (-0,4%).

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Em uma ponta mais otimista, prevendo queda de 0,43%, a Armor foi até mais surpreendida do que a mediana do mercado. Parte dessa surpresa, diz Damico, veio da aceleração de bens industriais, principalmente vestuário, mas também automóveis novos e higiene pessoal.

“De todo o modo, não vejo essa aceleração de bens industriais com consistência. É diferente da conversa que a gente tinha há pouquíssimo tempo atrás”, diz ela, citando como característica atual a queda nos preços das commodities. Além disso, o núcleo dos preços industriais ao produtor foi para o campo da deflação, segundo Damico.

“Acho que bens industriais tendem a seguir uma trajetória melhor, porque o mundo está desacelerando, o que implica commodities com preços mais tranquilos, e há também a regularização das cadeias produtivas”, afirma.

Em sentido contrário, chamou a atenção de Damico a desaceleração da alimentação em agosto. “Vejo como uma concretização de toda a queda que a gente estava vendo no atacado desde abril. A impressão que dá é que o varejo estava segurando um pouco esse repasse para o preço dos alimentos”, afirma.

O comportamento mais benigno dos preços dos alimentos é uma tendência importante para a inflação no curto prazo, segundo Damico. “Setembro tem risco de ter deflação de preços de alimentos”, diz ela, lembrando, no entanto, que a sazonalidade é desfavorável a partir de novembro.

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