Alta dos juros pode não ser suficiente para combater inflação na Zona do Euro, dizem analistas

Especialistas consideram que serão necessárias medidas fiscais para conter preços

Bandeira da União Europeia. Foto: Pixabay
Bandeira da União Europeia. Foto: Pixabay

A alta anunciada nesta quinta-feira pelo Banco Central Europeu de 0,75 ponto percentual para 0,75% na Zona do Euro pode não ser suficiente para controlar a inflação nos próximos meses e medidas fiscais podem ser tomadas para sustentar as economias da região contra os elevados preços de energia, principal motor da alta da inflação.

Wolfgang Bauer, gerente de renda fixa de fundos da M&G, disse ter dúvidas se a alta nos juros de hoje vai ter algum efeito na inflação. “Os crescentes custos de energia e outras commodities estão entrando no núcleo da inflação à medida que os custos de insumos mais altos estão sendo repassados – pelo menos em parte – para os consumidores”, disse ele, em nota. Segundo Bauer, a inflação largamente provocada por choques de oferta é muito difícil de combater com instrumentos de política monetária. “E até a mais ambiciosa alta nos juros do BCE não irá reabrir o Nord Stream 1”, disse.

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Shweta Singh, economista-sênior da Cardano, disse que a inflação prevista para 2022 do BCE, mesmo revista para cima a 8,1%, está baixa demais e sugere que algum tipo de teto para preços de energia pode ser adotado. Segundo ele, o cenário está indo em direção a mais medidas fiscais para apoiar as economias dos altos preços de energia. “Qualquer custo fiscal adicional deixará a inflação mais elevada no médio prazo em meio a um mercado de trabalho apertado e muitos gargalos na cadeia de abastecimento”, disse ela. Segundo ela, os bancos centrais serão chamados a ser agressivos em sua alta nos juros para evitar que as expectativas de inflação fiquem desancoradas. Singh acredita que a alta de hoje do BCE pode criar um precedente para o Banco da Inglaterra.

Para Sebastian Galy, estrategista do Nordea Asset, o BCE reconheceu que a desvalorização do euro contribui para a inflação elevada e que será difícil para o banco europeu sustentar a moeda. “O BCE não tem meta cambial mas ele poderá precisar ter uma para valorizar o euro e reduzir os preços do petróleo e gás natural (denominados em dólar)”, disse ele. Entretanto, ele ressalta que é uma coisa muito difícil de fazer porque as diferenças de juros são muito estreitas para convencer o mercado a apostar em um dólar mais forte por meio de posições compradas. “O que o BCE precisa é convencer o mercado que ele quer um euro mais forte sem fazer muitas altas de juros”, disse.

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