Anfavea: Venda de veículos sobe 16,3% no 1º tri em base anual; entidade reclama de juros

O presidente da Anfavea traçou quadro negativo no mercado, reclamou dos juros e disse não ver motivos para celebrar, já que o 1º tri de 2022 foi o pior desde 2004

Foto: Divulgação/Unidas
Foto: Divulgação/Unidas

A venda de veículos no trimestre cresceu 16,3% na comparação com os primeiros três meses de 2022, atingindo 471,8 mil unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Somente em março, foram vendidos 199 mil veículos, o que representou um aumento de 35,5% ante o mesmo mês de 2022.

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A produção de veículos aumentou 14,8% no trimestre ante o mesmo período de 2022, com a fabricação de 536 mil unidades.

Em março a produção aumentou 20% ante março de 2022, para 221,8 mil unidades.

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Críticas aos juros

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, traçou um quadro bastante negativo em relação à produção e venda de veículos.

Leite reclamou dos juros altos e relatou a paralisação de fábricas em março e disse não ver motivos para celebrar os índices de crescimento porque o primeiro trimestre de 2022 foi o pior desde 2004.

Segundo o executivo, o setor já superou, em grande parte, a escassez de semicondutores, que marcou os resultados nessa época do ano em 2022.

A crise da falta de peças teve um pico no primeiro trimestre do ano passado. Daí o crescimento este ano.

Além disso, as locadoras voltaram a comprar e responderam por 40% do crescimento nas vendas no mesmo período.

Leite afirmou que a Anfavea tem conversado com representantes do Executivo, do BNDES e do Banco Central para expor a situação que, em razão da retração de demanda, levou à paralisação de oito fábricas e fechamento de dois turnos de trabalho em março.

Os turnos encerrados referem-se às fábricas de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz e da Scania, que enfrentam queda de demanda também pelo aumento de preços dos veículos provocado por nova regulamentação de emissões.

O presidente da Anfavea aponta os juros altos como principal motivo da queda da demanda. “Respeitando o rigor técnico [da equipe do BC], se não houver condições melhores o mercado não vai reagir”, destacou.

Segundo ele, a dificuldade na obtenção de crédito pelo consumidor é, em grande parte, responsável pelo aumento no nível do estoque de 29 dias em fevereiro para 31 em março.

Exportação avançou 3,9%

Da mesma forma como se referiu ao mercado interno, Leite destacou cenário pessimista também no mercado externo, mesmo com os aumentos nos volumes exportados este ano.

Segundo ele, recentes quedas nas vendas de veículos nos mercados de destinos importantes, como Chile e Colômbia, preocupam o setor.

Em março, as exportações da indústria automobilística cresceram 14,8%, para 44,7 mil veículos ante mesmo mês de 2022.

O volume somou receita de US$ 1,11 bilhão, alta de 32,6% ante mesmo mês do ano passado. No trimestre, o volume embarcado somou 112,2 mil unidades, 3,9% mais do que nos primeiros três meses de 2022.

A receita acumulada no ano atingiu US$ 2,77 bilhões, um crescimento de 30,2%.

Ao divulgar dados referentes ao setor, Leite disse que os mercados do Chile e da Colômbia caíram 9% e 17% em março em relação ao ano anterior, o que pode prejudicar futuras exportações a partir do Brasil.

O dirigente disse, ainda, que o Brasil tem perdido contratos nesses países para outras regiões, como fabricantes da Ásia. “Estamos perdendo competitividade no nosso próprio quintal”, destacou.

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