- Home
- Mercado financeiro
- Economia
- Consultoria vê ‘apagão de talentos’ na área de bancos e serviços financeiros
Consultoria vê ‘apagão de talentos’ na área de bancos e serviços financeiros
-
Executiva afirma que segmento tem muitas posições abertas
-
No entanto, há falta de profissionais qualificados
Um levantamento realizado pelo PageGroup, consultoria global especializada em recrutamento executivo, aponta que oito em cada dez candidatos do segmento financeiro não estão dispostos a trocar de emprego. Entre as principais causas para essa recusa estão as frequentes contrapropostas salariais, promoções ou até mesmo movimentações dos executivos para outras áreas da empresa.
Na avaliação de Juliana França, gerente sênior da área de Bancos e Serviços Financeiros da Page Personnel e Michael Page, esse novo cenário acabou causando um verdadeiro “apagão de mão de obra no setor”, impactado pela falta de profissionais mais qualificados e processos seletivos mais longos. “Estamos vivenciando uma escassez de talentos em finanças”, afirma. “Temos muitas posições abertas e profissionais que não atendem aos requisitos. Essa nova onda no setor pode ser explicada pela intensa movimentação de profissionais rumo às fintechs, a ampliação e recontratação do quadro de colaboradores no pós-pandemia e o aumento da concorrência por profissionais desse segmento. É uma tempestade perfeita para um cenário mais adverso”, acrescenta.
Diferente de outras áreas, onde o interesse por novas propostas se mantém em alta, a executiva destaca que o profissional de finanças tem se mostrado mais conservador em relação a novas propostas de emprego. “O mercado financeiro é mais tradicional. Ficar menos de um ano na empresa marca o currículo e você precisará explicar os motivos dessa saída repentina. Precisa ser uma decisão muito boa de salário, ou algum caso de oferta irrecusável. Se não for nada disto, essa mudança pode ‘queimar o filme’ do candidato”, detalha.
Recrutamentos ficam mais morosos
A consultora conta também que essa falta de profissionais qualificados tem elevado o prazo para a conclusão dos processos seletivos. “Se antes conseguíamos encerrar uma contratação em até um mês, agora esse processo tem levado até 90 dias para ser concluído”, revela. “Tivemos de ampliar o mapeamento de candidatos, ter um olhar mais acurado e buscar novos talentos com esses perfis mais técnicos, até em outras áreas”, completa.
Conforme a sondagem, outro aspecto que tem pesado na conclusão dos processos seletivos é a elevada taxa de contraproposta salarial oferecida pelas empresas. “Estamos falando em 60% de ofertas nesse sentido. E quase que a totalidade dessas propostas é revertida em retenção do candidato. Há, ainda, profissionais relatando promoções e até mesmo mudanças internas quando recebem uma proposta de emprego. É o quadro que tem se desenhado atualmente”, diz a gerente.
O impacto para as companhias do segmento
A falta de profissionais qualificados tem causado mais transtornos para as empresas na hora de contratar. Além de enfrentarem processos seletivos mais demorados, os contratantes estão tendo de lidar com inflação salarial, preenchimento de cargos por pessoas menos experientes e qualificadas e pacotes de benefícios mais flexíveis.
“A realidade dos contratantes mudou. Agora eles precisam lidar com salários, em média, 25% mais altos, se quiserem tirar um candidato da concorrência”, afirma Juliana. “Profissionais mais júniores estão ocupando posições anteriormente dominadas por pessoas mais experientes. Essa nova dinâmica implica em treinamento, qualificação e definição de atribuições desses novos profissionais. Outro aspecto é a oferta de benefícios. Empresas que não oferecem vagas híbridas perdem muita atratividade”, contextualiza.
As áreas mais prejudicadas pelo “apagão de talentos”
Entre os cargos mais difíceis de serem preenchidos neste momento, o PageGroup destaca aqueles que atuam nas áreas de crédito, controladoria, vendas e planejamento. As habilidades técnicas e comportamentais mais requisitadas pelas empresas tradicionais do setor (bancos, seguradoras, meios de pagamento, serviços financeiros etc) e startups (fintechs, insuretechs etc) predominam o domínio do idioma inglês, conhecimento de softwares específicos para cada área (como por exemplo, Power BI para times de finanças), graduação completa, capacidade de lidar com mudanças e de aprendizagem rápida, resiliência, trabalho em equipe e “senso de dono”.
Leia a seguir