Argentina paga FMI, posterga calote e ganha força para destravar US$ 10 bi
Sem dólares no caixa, banco central recorre a moeda chinesa adquirida em acordo recente com Pequim
A Argentina conseguiu evitar aquele que seria o seu terceiro calote internacional e, nesta sexta-feira (30), pagou US$ 2,7 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), cifra referente às últimos duas parcelas do financiamento que mantém com a entidade, que venceram nos dias 21 e 22 de junho.
O FMI confirmou nesta tarde o pagamento, que o ministro da Economia e pré-candidato governista à presidência, Sergio Massa, havia ordenado na noite de quinta-feira (29).
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Com isso, o governo argentino espera ter mais credibilidade para seguir negociando a antecipação de novos desembolsos, acertados ainda no governo de Mauricio Macri, antecessor do atual mandatário Alberto Fernández.
A estratégia do governo argentino
Basicamente, o que o governo quer é antecipar agora para julho os próximos três desembolsos do FMI, o que daria um respiro de US$ 10,6 bilhões. O governo tem recorrido nos últimos anos aos cofres do FMI para garantir as reservas do Banco Central Argentino (BCA), que estão negativas em quase US$ 3 bilhões. O dinheiro é usado em operações de venda de dólar para controlar a cotação do Peso Argentino, que nos últimos anos tem derretido.
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Para se comprar um dólar no mercado oficial são necessários 270 pesos. No entanto, praticamente não existe câmbio oficial no país, imperando o mercado paralelo. Cada grande evento, praticamente, lança um “novo dólar”. Por exemplo, existiu o Dólar Catar, da época da Copa do Mundo, e o dólar Coldplay, usado quando a banda norte-americana esteve por lá, em turnê que passou pelo Brasil.
O “dólar” largamente empregado é o dólar Blue. Nesse mercado, a divisa é negociada na proporção de 493 pesos para um dólar americano.
Pagamento ao FMI usando moeda chinesa
Com as reservas do Banco Central argentino no negativo, o pagamento feito hoje pelo governo não usou dólares, e sim os SDR (Direitos Especiais de Saque na sigla em inglês), a chamada moeda do Fundo, e com os yuans que a Argentina tem acesso por meio do acordo de swap costurado com a China em junho.
Fontes oficiais, citadas pelo jornal La Nación, disseram que US$ 1,7 bilhão seria pago com os SDR e o outro US$ 1 bilhão, com yuans – que serão devolvidos ao Banco Central chinês quando o FMI liberar o próximo desembolso do atual programa de crédito de US$ 44 bilhões.
O Fundo divulgou uma nota nesta sexta afirmando que as negociações continuam em uma “situação desafiadora” para a economia. Na segunda-feira, uma equipe econômica argentina viajou aos Estados Unidos para tentar destravar os empréstimos.