Até quanto o Copom deve cortar a Selic? Veja projeções para taxa final após ata

Comitê citou 'surpresas positivas' que podem acelerar queda dos juros

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na ata da reunião que baixou a taxa Selic de 13,75% para 13,25%, o Copom indicou que o ciclo de relaxamento monetário deve continuar em um ritmo de 0,50 ponto percentual. O colegiado destacou que vê como ‘pouco provável’ uma aceleração do movimento de cortes.

Mas isso, na avaliação de especialistas do mercado, não quer dizer que o comitê esteja com a porta totalmente fechada para intensificar a queda do juros.

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“Manutenção do ritmo, por ora”, diz o Itaú Unibanco no título do relatório que analisa a ata.

“O texto estabelece uma barra relativamente alta para a aceleração do processo de flexibilização, o que exigiria uma reancoragem mais forte das expectativas, uma ampliação mais acentuada do hiato do produto ou uma inflação de serviços substancialmente menor – deixando implícito que, se qualquer uma dessas condições for atendida, a situação pode mudar”, considera Mario Mesquita, economista-chefe do banco.

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O Itaú manteve a projeção de Selic a 11,75% até o fim de 2023 – o que representaria cortes de 0,50 ponto percentual nas três reuniões ainda programadas para este ano.

“Mas não se pode descartar uma flexibilização mais rápida, principalmente no final do ano. O comitê também indica que espera manter a taxa Selic em território contracionista ao longo do ciclo, sustentando a visão de que o nível terminal de juros pode ser abaixo de 10% ao ano, mas não muito”, completa o relatório assinado por Mesquita.

Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a ata do Copom trouxe um tom mais duro reforçando o cenário de cautela mesmo com a escolha do corte de 0,50 ponto percentual.

“Na avaliação dos riscos que impactam as expectativas de inflação mais longas, que ainda estão acima da meta, o Copom volta a mencionar o ajuste fiscal, ainda incerto, e possíveis políticas parafiscais, como crédito direcionado, que podem manter a atual desancoragem parcial”, diz a economista.

“A influência política na composição do Copom também foi mencionado como potencial detrator de credibilidade do Banco Central e o Copom reforça a importância do trabalho independente do colegiado nesse sentido”, acrescenta.

A profissional do Inter avalia que o corte de 0,50 p.p. foi considerado parcimonioso no atual cenário, o que permite que a política monetária continue contracionista por um período ainda longo, garantindo a convergência da inflação para a meta até 2025.

“De fato, com a Selic no atual patamar, nesse ritmo de cortes teríamos 10 reuniões até chegar a uma taxa próxima de 9%, no segundo semestre de 2024, quando o ritmo poderia ser então reduzido, ou mesmo pausado”, comenta Rafaela Vitória.

“A ata afasta expectativas de aceleração dos cortes nas próximas reuniões, como está precificado na curva de juros, e podemos ver um ajuste no mercado nas taxas curtas. Por outro lado, o cenário externo também é de cautela, e pode impactar a expectativa de piso para a Selic nesse primeiro momento do ajuste, com a taxa terminal mais próxima de 9%”, completa a economista.

Caio Megale, economista-chefe da XP, escreve em relatório que a ata reforça o cenário de baixa de 0,50 p.p. nas próximas reuniões, com a taxa Selic encerrando 2023 em 11,75%.

Mesmo que o texto divulgado pelo Copom abra algum espaço, citando possíveis “surpresas positivas” nos próximos meses no cenário econômico, a XP também avalia como “aparentemente improvável” uma aceleração no ritmo de cortes.

“Vemos a política fiscal expansionista como uma restrição para um afrouxamento monetário muito mais profundo em 2024, se o Copom realmente pretender atingir a meta de 3% nos próximos anos”, aponta o economista.

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