Ata do BCE: Recessão não é cenário-base, mas corte de gás russo preocupa

“Se houver corte completo de gás da Rússia, (cenário) pode ser recessão total”, diz documento

Comércio de rua na Holanda (Foto: Nazim Coskun/Unsplash)
Comércio de rua na Holanda (Foto: Nazim Coskun/Unsplash)

O Banco Central Europeu (BCE) aponta em sua ata de decisão de política monetária, divulgada nesta quinta-feira (6), que os membros de seu conselho não têm uma recessão como linha de base. “Projeções porém preveem período de estagnação por volta da virada do ano”, diz trecho do documento.

Segundo consta na ata, embora não seja o cenário desenhado pelos membros do conselho, já há série de modelos e indicadores que sugerem provável retração da economia. “Se houver corte completo de gás da Rússia, [cenário] pode ser recessão total”, ainda de acordo com o que foi discutido pelos integrantes da autoridade monetária no encontro de 7 e 8 de setembro deste ano.

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Na decisão em que o BCE elevou suas três principais taxas de juros em 0,75 ponto percentual, os integrantes decidiram que a política monetária deve continuar dependente de dados e não uma trajetória pré-estabelecida. Mas o documento aponta que “as taxas de juros serão aumentadas ainda mais nas próximas reuniões”.

O documento apontou que alguns membros expressaram ser mais favoráveis a um aumento da taxa em 0,5 ponto percentual, vendo esse ritmo como adequado para conter as pressões inflacionárias. Uma alta de 0,25 ponto foi vista como claramente insuficiente para controlar a elevação dos preços. Ainda que autoridade monetária tenha optado por um tom mais agressivo, a ata mostra que esse movimento “não deve sinalizar que o BCE pretende manter tal magnitude nos próximos encontros”.

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Houve um consenso entre os membros do conselho de que as taxas devem permanecer abaixo do que se conhece como taxa neutra (que não permite expansão ou contração da atividade), ainda que o BC europeu reconheça a dificuldade em definir o momento exato de tal neutralidade.

“A ‘taxa de juros neutra’ dependerá de tendências de longo prazo em fatores como produtividade e demografia, bem como a interação entre poupança e comportamento de investimento. Assim, o conceito era discutível, não observável e difícil de medir em tempo real”, ainda segundo o documento.

Na ata, o BCE reconhece que seu balanço patrimonial continua proporcionando uma acomodação da política monetária e que o conselho está disposto a ajustar suas ferramentas para alcançar a inflação de 2% no médio prazo.

Em relação à inflação, houve uma revisão das projeções para este e os próximos anos, com a estimativa de que fique em 8,1% em 2022 (de 6,8% da leitura de junho), 5,5% em 2023 (de 3,5%, em junho) e de 2,3% em 2024 (de 2,1% em junho). Para o BCE, a queda da inflação deve vir com as expectativas de recuo dos preços de energia e alimentos. “Núcleo de inflação também deverá permanecer em níveis elevados até meados de 2023”, afirma o BCE, “mas deverá diminuir à medida que os efeitos da reabertura da economia e os gargalos de fornecimento diminuírem”.

O próximo encontro do conselho do BCE está marcado para 26 e 27 de outubro.

Por Arthur Cagliari

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