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Ata do Fed sinaliza mais aumentos de juros nos EUA, e mais rápido
A ata da última reunião do comitê de política monetára Fed (Federal Reserve, o banco central americano), divulgada na tarde desta quarta-feira (25), indicou que a instituição está preparada para mais dois aumentos de juros de 0,5 ponto percentual, um em junho e outro em julho. No encontro de 3 e 4 de maio, o comitê de política monetária elevou a taxa básica de juros da economia americana em 0,5 ponto percentual, para entre 0,75% e 1% ao ano.
“A maioria dos participantes da reunião avaliou que elevações de 50 pontos-base [0,5 pp] na meta de juros seriam apropriadas nas duas próximas reuniões”, diz a ata. “Muitos dos participantes julgavam que acelerar a remoção de acomodação monetária deixaria o comitê bem posicionado para avaliar os efeitos do enrijecimento da política monetária.”
O documento disse, ainda, que a estratégia de política monetária do Fed pode ter que passar de neutra para restritiva. Os diretores do Fed se mostram esperançosos em conseguir reduzir a inflação, mas também preocupados com os riscos de instabilidade financeira.
Entre as incertezas que justificam a preocupação, estão os acontecimentos relacionados à invasão da Ucrânia pela Rússia e os lockdowns para tentar conter o surto de Covid-19 na China, que elevam os riscos “tanto para os Estados Unidos quanto para outras economias ao redor do mundo”, segundo a ata.
Ainda em relação à política monetária mais restritiva, vários integrantes do comitê disseram na reunião que seria “apropriado” considerar a possibilidade de vender títulos hipotecários (MBS, na sigla em inglês) em vez de deixar que o balanço do banco seja reduzido de maneira passiva, com o Fed apenas deixando de recomprar os títulos vencidos. Qualquer mudança, porém, seria anunciada com antecedência, segundo a ata.
Repercussão
Como o tom da ata não foi tão duro quanto se temia, a reação dos mercados em todo o mundo foi moderadamente positiva. Às 16h15, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, subia 0,28%, para 110.893 pontos. Em Wall Street, o índice Dow Jones ganhava 0,9%, o S&P 500 avançava 1,37%, e o da Bolsa de tecnologia Nasdaq tinha elevação de 2,09%.
Uma parte do mercado, porém, acredita que o alívio é apenas momentâneo.
“É aquele respiro antes de voltar a cair, pois o cenário mundial ainda é muito desafiador e tudo está mudando. Ninguém está otimista. A ata confirma que vai ser preciso pelo menos mais duas altas de 50 pontos. Vai ser duro agora ter tempo para analisar lá na frente porque sabem que no verão a inflação de serviços será muito pressionada devido à demanda reprimida de muita gente que tem viagem contratada independente da crise e mão de obra no setor está em falta. Esse setor vai para cima de contratação temporária, o que vai bombar mais a economia. Então, a ideia é acelerar alta agora para depois do verão, em setembro, poder reavaliar dados”, diz Marcelo Oliveira, fundador da empresa de tecnologia e educação financeira para investidores Quantzed. “Como afirmam na ata, inflação não depende só da alta de juros pelo Fed. A inflação vai depender da situação da China com a Covid-19, situação que precisa ter um horizonte mais definido com cadeias de produção a serem retomadas, além da necessidade da resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.”
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