Bancos centrais estão longe de pausar aperto monetário, afirma Morgan Stanley

Jerome Powell, do banco central dos EUA, notou que a desinflação já começou, mas investidor terá de ser paciente até virem os cortes de juros

O presidente do U.S. Federal Reserve, Jerome Powell. - Foto: REUTERS/Mary F. Calvert
O presidente do U.S. Federal Reserve, Jerome Powell. - Foto: REUTERS/Mary F. Calvert

Os principais bancos centrais do mundo desenvolvido estão longe de pausar seu ciclo de aperto monetário, na avaliação do economista-chefe global do Morgan Stanley, Seth Carpenter, em relatório assinado por ele e sua equipe e enviado aos clientes hoje. “Os três principais bancos centrais dos países desenvolvidos realizaram encontros na semana passada: o Federal Reserve (Fed), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) e apenas o BoE abriu a porta para a ideia de que pode estar perto do ciclo final”, afirma.

Para Carpenter, o ‘payroll’ de janeiro deixou claro que o Fed não está perto e a presidente do BCE, Christine Lagarde, nem aventou a ideia de que o ciclo de alta está chegando ao final. No caso do Fed, o presidente Jerome Powell notou que a desinflação já começou, mas apesar da interpretação baixista que o mercado teve da coletiva, Powell pareceu ter certeza de que o Fed ainda não vai parar de elevar os juros. “Apesar da queda da inflação ter claramente começado, a inflação de ‘outros serviços’ – que Powell vincula fortemente com o mercado de trabalho – não revelou nenhum enfraquecimento ainda”, disse, como mostrou a abertura de novas 517 mil vagas em janeiro.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

O economista diz que o Morgan trabalha com a visão de que a economia desacelerou mas mais altas de juros podem ser necessárias para assegurar o caminho à frente. Antes do payroll, o Morgan estimava uma alta de 0,50 pp até a taxa final de 5,25%. Carpenter destaca que o mercado deve estar atento ao risco de ocorrerem mais altas do que está precificado. “A próxima reunião do Fed é em março e até lá teremos outro relatório payroll e dois dados de inflação”, disse.

Segundo ele, o BCE nesse momento está menos dependente de dados porque há menos relatórios a serem divulgados até a reunião de março. “O BCE poderia ter enfrentando uma tensão se o Fed tivesse parado de subir os juros, mas essa tensão agora está bem reduzida”, afirma. “Nós achamos que o BCE precisa ver o outro lado do pico da inflação claramente para parar o ciclo”.

Últimas em Economia

Carpenter acredita que em maio, com dados mais disponíveis, o PIB preliminar da Europa será negativo para o primeiro trimestre, e a inflação também vai cair com o impacto da queda dos preços de energia. “Esse tipo de desaceleração será necessário para p BCE, mas os EUA mostram o risco de uma economia real mais forte e a reabertura da China foi citada pela presidente Lagarde como um obstáculo. Então não estamos lá ainda”, afirma.

O economista acredita que o BoE é o mais próximo do fim do ciclo. “Eles subiram 0,50 ponto mas o tom que veio da reunião sugere que fim se aproxima. As últimas projeções do BoE mostram uma recessão vindo agora e uma inflação abaixo da meta no segundo semestre de 2024”, afirma. Segundo ele, uma alta de 0,25 ponto pelo BoE em março está longe de estar certo mas o banco acredita que eles subirão mais 0,25 ponto.

Carpenter faz uma comparação da pergunta constante dos investidores: “já estamos chegando no final?”, com as de crianças viajando de carro com os pais, “já estamos chegando?”. “E eu já pessoalmente me arrependi de responde ‘sim estamos chegando’ para em seguida ficar preso do tráfego. O dado do payroll pode ser o tráfego para o Fed. E para os mercados que estão olhando para além do pico para o primeiro corte, a mais recente mensagem dos dados e dos banco centrais é: “receio que você vai ter que ser paciente”.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS