BC mostra que bets receberam R$ 3 bi de beneficiários do Bolsa Família em agosto via Pix
De acordo com a autoridade monetária, os R$ 3 bilhões foram enviados por 5 milhões “de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família”
Beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões, via Pix, para empresas de apostas virtuais, conhecidas como bets, em agosto. O dado consta de análise técnica realizada pelo Banco Central (BC). A análise foi feita a partir de pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM).
O BC afirma no documento que “está atento” a possíveis impactos desses gastos “para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população”.
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De acordo com a autoridade monetária, os R$ 3 bilhões foram enviados por 5 milhões “de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família”. Desse grupo, 4 milhões são “chefes de família (quem de fato recebe o benefício”. Esses 4 milhões, por sua vez, enviaram R$ 2 bilhões do total. A mediana dos gastos foi de R$ 100.
Bets: baixa renda sai perdendo
No documento, o BC afirma que os resultados “estão em linha com outros levantamentos. Além disso, relatório mostra que as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas pelas apostas esportivas.
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“É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, diz o BC.
A instituição afirma que “precisa ainda de mais dados e tempo para avaliar com maior robustez suas implicações para a economia e o bem-estar financeiro da população.”
A análise ainda traz informações sobre o público que participa das apostas virtuais, considerando também a população que não recebe o Bolsa Família.
Segundo a autoridade monetária, em agosto “cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas. Logo, realizaram ao menos uma transferência via Pix para essas empresas durante o período analisado”.
A maior parte desse público “tem entre 20 e 30 anos, embora as apostas sejam realizadas por indivíduos de diferentes faixas etárias”.
Bets: mais velhos apostam até R$ 3 mil por mês
Por sua vez, “o valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade”. Para “os mais jovens” está em torno de R$ 100 mensais, “enquanto para os mais velhos, o valor ultrapassa” R$ 3 mil por mês.
O BC faz a ressalva, no entanto, que a “análise apresenta desafios”. Isso porque muitas empresas que operam jogos de azar e apostas online, o fazem sob nomes que não correspondem aos divulgados na mídia. Portanto, várias delas não estão corretamente classificadas no setor econômico apropriado, diz o BC.
“Além disso, muitas dessas empresas não atuam exclusivamente no setor de apostas, o que torna a análise ainda mais complexa.”
O secretário de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda, Régis Dudena, afirmou que a regulamentação prevê travas. Elas seriam feitas pelas próprias casas de apostas para que o jogador não se torne compulsivo.
Fazenda está de olho
As bets terão de traçar um perfil do cliente e enviar um relatório diário à Fazenda. Ou seja, caso a autoridade note algum desvio no volume jogado, a empresa deverá emitir alertas. Eles poderão se tornar suspensões e, em último caso, a exclusão do apostador da plataforma.
“Dizer que Bolsa Família não pode apostar, não me parece adequado. Eu tenho é que garantir é que se ele ganha pouco, ele pode apostar pouco, e se ele ganha muito, ele pode apostar muito. A escolha de apostar ou não é individual”, declarou o secretário.
Com informações do Valor Econômico.