BC da Rússia dobra taxa de juros para 20% e fecha Bolsa de Moscou
Corretoras locais são proibidas de executar ordens de venda de estrangeiros
Diante da escalada das tensões após a invasão da Ucrânia, que levou a novas sanções de países do Ocidente, o Banco Central da Rússia decidiu elevar a taxa básica de juros do país de 9,5% para 20% ao ano, mais que dobrando o retorno para quem deixar seus investimentos na moeda local, segundo comunicado da assessoria de imprensa do órgão em seu site.
A alta de juros foi uma reação ao mergulho do rublo, que chegou a se desvalorizar 25% nos negócios desta segunda-feira (28), diante do bloqueio que países ocidentais impuseram a alguns bancos russos para acessar o sistema de transferências internacionais de dinheiro chamado Swift.
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Segundo comunicado do BC russo, a elevação dos juros foi necessária para compensar os riscos maiores de depreciação da moeda e de inflação. “Isso é necessário para garantir estabilidade financeira e de preços e para proteger os cidadão da depreciação (da moeda).”
Bolsa russa fechada
O BC russo também informou que o mercado acionário da Bolsa de Moscou ficaria fechado na manhã desta segunda, ainda dizendo que iria avaliar uma eventual abertura no período da tarde. Ainda como restrição à retirada de recursos do país, a autoridade monetária russa proibiu temporariamente que corretoras do país executem ordens de venda de valores mobiliários feitas a pedido de estrangeiros.
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Temor de corrida bancária
Durante o fim de semana o jornal Financial Times reportou que havia filas em caixas eletrônicos de Moscou e outras cidades russas, com os correntistas optando por raspar as contas após o anúncio do bloqueio parcial do Swift. Ainda na sexta, o BC russo havia divulgado comunicado para dizer que os saldos bancários estão protegidos e disponíveis, e que há oferta “altamente suficiente” de numerário para reabastecimento dos caixas eletrônicos do país.
Dinheiro bloqueado no exterior
Cidadãos russos tinham pelo menos US$ 122,3 bilhões depositados em bancos ocidentais em setembro de 2021, segundo dados relatados por essas instituições ao Banco de Compensações Internacionais (BIS). A cifra dá uma ideia do dinheiro que está agora congelado nos bancos ocidentais, com as sanções impostas pelos EUA e Europa contra ativos russos.
Dinheiro na França
Os russos curiosamente têm uma preferência por bancos franceses, com US$ 24,9 bilhões depositados nas instituições desses países. Em seguida, vem o volume de US$ 23,2 bilhões depositados em bancos suíços. O dinheiro de russos em bancos dos Estados Unidos chegava a US$ 20,2 bilhões e em bancos do Reino Unido a US$ 14,5 bilhões.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta manhã a proibição de que americanos façam qualquer tipo de transação financeira envolvendo o banco central russo, o ministério da economia daquele país ou seu fundo soberano. “A ação sem precedentes que estamos tomando hoje vai limitar significativamente a capacidade da Rússia de usar seus ativos para financiar suas atividades desestabilizadoras, e tem como foco recursos de que Putin e seu círculo próximo dependem para viabilizar a invasão da Ucrânia”, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet L. Yellen, em comunicado.
Crescem as negociações com bitcoin
Os volumes transacionados entre o rublo russo e o bitcoin alcançaram as máximas dos últimos nove meses, como consequência da forte desvalorização da moeda russa. Os dados são da Kaiko, empresa francesa de pesquisa sobre criptomoedas, citada em matéria do site especializado CoinDesk. Os dados rastreados pela Kaiko mostram que o volume de bitcoin denominado em rublo (RUB) subiu para quase 1,5 bilhão de RUB já na última quinta-feira, atingindo o maior nível desde maio do ano passado.
Com reportagem do Valor Investe