Após uma semana de muitas tensões devido a uma suposta possibilidade de ajuda militar chinesa à Rússia na guerra na Ucrânia, a reunião por videoconferência entre os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, terminou nesta sexta-feira com a adoção por ambas as partes de um tom mais brando.
Os comunicados públicos de cada um dos países sobre o encontro, emitidos separadamente, condenam a guerra e pedem soluções negociadas para o conflito.
A mudança do lado chinês foi mais perceptível. Xi, que recentemente anunciou uma significativa e abrangente parceria com Moscou, usou um vocabulário diferente do oficial de Vladimir Putin, pediu um fim para o conflito e chamou a invasão à Ucrânia não de “operação militar especial”, como determina o presidente russo, mas de “guerra”:
“As principais prioridades agora são continuar o diálogo e as negociações, evitar baixas civis, prevenir uma crise humanitária, cessar os combates e acabar com a guerra o mais rapidamente possível”, disse Xi a Biden na videoconferência, citado por agências chinesas. “A crise da Ucrânia é algo que não queremos ver.”
Xi também disse que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) precisam conversar com a Rússia para encontrar uma saída política para o conflito. A China já pedira antes o envolvimento diplomático de outros países na mediação do conflito. Até aqui, houve apenas conversas oficiais entre Moscou e Kiev, sem negociações diplomáticas entre os EUA e seus aliados e o governo russo.
A China se manifestou sobre a reunião quase quatro horas antes da Casa Branca, e a pressa denota que queriam instituir um tom de redução de tensões, a ser seguido pelo Departamento de Estado.
Em sua nota, a Casa Branca diz que Biden “descreveu as implicações e consequências se a China fornecer apoio material à Rússia ao realizar ataques brutais contra cidades e civis ucranianos”.
O presidente americano também apresentou as posições dos EUA e seus parceiros sobre a crise e detalhou as sanções à Rússia. O comunicado diz também que Biden “ressaltou seu apoio a uma solução diplomática para a crise”.
Esta foi a quarta conversa oficial entre Biden e Xi desde que o americano assumiu a Casa Branca no ano passado, e a primeira desde novembro. Assim como naquela ocasião, “os dois líderes também concordaram sobre a importância de manter linhas de comunicação abertas, para gerenciar a competição entre nossos dois países”, informou a Casa Branca.