Bitcoin chega ao último dia útil de 2022 com perda de 66,5% no ano

Israel Buzaym, sócio da Bitypreço, considerou decepcionante o desempenho das criptomoedas neste ano

Afinal, por que o halving do bitcoin é importante - Foto: Agustin Marcarian/Reuters
Afinal, por que o halving do bitcoin é importante - Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O bitcoin (BTC), a maior das criptomoedas, chega ao último dia útil de 2022 com perdas acumuladas de 66,5% no ano. O feito encerra um período particularmente difícil para as moedas digitais e marca a pior performance desde a desvalorização de 70,8% de 2018, no inverno dos criptoativos anterior, quando o bitcoin desabou de US$ 13.850 para US$ 4.040.

O ether (ETH), a segunda maior moeda virtual, acumula desempenho ainda pior, de baixa de 67,6%, a maior desvalorização desde os 82,1% também em 2018.

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Israel Buzaym, sócio da Bitypreço, considerou decepcionante o desempenho das criptomoedas neste ano após sucessivos golpes vividos pelo setor, notadamente a implosão do sistema Terra Luna em abril e a quebra da FTX em novembro.

“Ainda que os ciclos de mercado sejam parte do nosso dia a dia, e tenhamos aprendido a conviver com os altos e baixos, ver o preço do bitcoin fechar o ano com uma queda acumulada de quase 70% é chocante”, disse.

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Para 2023, os analistas especializados em criptoativos seguem pessimistas, com as atenções divididas em dois campos prioritários: macroeconômico, em meio a uma desaceleração econômica global e juros elevados para conter a inflação; regulação de ativos digitais, movimento que poderá disciplinar as regras do jogo e dar segurança jurídica para investidores das finanças tradicionais se beneficiarem da tecnologia blockchain de tokenização de ativos.

Ayron Ferreira, chefe de análise de Titanium Asset, considera a regulação de criptoativos decisiva para o desempenho da indústria no próximo ano.

“A regulação do setor cripto será um tema muito decisivo em 2023, sem dúvida. Em 2022 houve vários avanços. A Europa aprovou o texto do MiCA (Markets in Crypto-Assets), o Brasil aprovou o PL 4.401. No próximo ano também devemos ver avanços nos EUA e na Ásia. Regulação pode segurar um pouco alguns pontos do setor, mas é necessária para o aumento da credibilidade da indústria”, disse.

Para Ferreira, o ambiente macroeconômico será o principal ponto de atenção nos próximos meses para atestar a efetividade do processo de ajuste monetário e entender quando poderá haver um pico dos juros e uma possível sinalização de mudança na política monetária pelo Federal Reserve. “Esse tema será o mais importante para a performance do preço do bitcoin e demais ativos globais”, disse.

“Para 2023, a expectativa é que tenhamos um mercado tão frio quanto no último semestre de 2022, uma vez que o apetite a risco ao redor do mundo tem diminuído, principalmente pela renda fixa pagando bons juros”, afirmou Buzaym.

“Mas a baixa temperatura e o desinteresse das grandes massas pelo bitcoin não deve ser considerada como fator negativo. Esses momentos, historicamente, são os melhores para acumular satoshis – frações de BTC – para aproveitar os próximos movimentos de alta”, completou.

No último dia útil de negócios, que ainda devem se estender ao sábado apesar de baixíssima liquidez, os investidores dos mercados de risco defendem os patamares de preços da semana. Wall Street teve um pequeno rali na quinta-feira, motivado pela por um eventual desaquecimento no mercado de trabalho americano, que impulsionou a recuperação das ações de tecnologia e fez o Nasdaq saltar 2,6%, reduzindo em parte as perdas de 33% no ano.

Fernando Pereira, analista da Bitget, não acredita em mudança no nível de preço nos próximos dias.

“Última sexta-feira do ano e ao que parece os investidores de BTC já saíram de férias há duas semanas. Nem mesmo o aumento da pressão vendedora vista durante essa semana foi suficiente para dar um rumo à moeda, ainda que para baixo. A tendência principal é o retorno para a faixa de US$ 15.500, mas isso ficará para 2023”, disse.

Perto das 9h40 (horário de Brasília), o bitcoin tinha baixa de 0,7% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 16.485,04 e o ether recuava 0,5% a US$ 1.192,04, conforme dados do CoinGecko. A Solana (SOL) tinha alta de 0,5%, a US$ 9,49.

O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo era de US$ 823 bilhões. Em reais, o bitcoin registrava alta de 0,31% a R$ 87.823,47 e o ether subia 0,31% a R$ 6.326,91, de acordo com valores fornecidos pelo MB.

Segundo Rony Szuster, analista de criptoativos do MB, o marasmo de final de ano deve dar o tom nos últimos negócios de 2022. “Nas últimas 24 horas tivemos variações tímidas no mercado de criptoativos, marcadas pelos baixos volumes de negociação, devido às festividades de final de ano”, disse.

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