Bitcoin retoma movimento de alta rumo a US$ 30 mil
Investidores costumam ver as criptomoedas correlacionadas às ações de tecnologia devido a fundamentos semelhantes de negócios, com taxas de desconto bastante sensíveis aos juros de longo prazo
O bitcoin (BTC) retomou na quinta (23) o movimento de valorização dos últimos dias com a melhora no humor dos mercados de risco devido a perspectivas de fim próximo do aperto monetário, o que levou a uma forte alta das ações de tecnologia e da Nasdaq.
Investidores costumam ver as criptomoedas correlacionadas às ações de tecnologia devido a fundamentos semelhantes de negócios, com taxas de desconto bastante sensíveis aos juros de longo prazo. Daí a forte valorização no período de pandemia e de taxas de juros baixíssimas.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
A correlação, no entanto, ficou para trás no início deste ano, quando o bitcoin e algumas moedas digitais saíram à frente na recuperação de preços. No ano, o índice Nasdaq sobe 12,6%, enquanto o bitcoin acumula alta de 70,5% e o ether, de 52%.
Para Henrique Teixeira, head de novos negócios da Rippio, a valorização recente das criptomoedas, em meio à cris bancária nos EUA, ocorre porque parte dos investidores veem as criptomoedas como um instrumento de cobertura global não correlacionado com os demais ativos, semelhante ao ouro.
Últimas em Economia
Segundo Teixeira, é importante observar o comportamento dos grandes investidores, as chamadas baleias, que tem entre 10 e 10 mil bitcoins em carteira. Isso porque, afirma ele, o investidor pessoa física tem um histórico ruim de entrada e saída do mercado. “É importantíssima a presença dos investidores baleias nesta seara de modo que prossiga o aumento da confiança no atual rali da criptomoedas”, disse.
A melhora no humor dos investidores ocorre apesar da nova ofensiva regulatória da SEC (CVM dos EUA) contra a Coinbase e o magnata cripto Justin Sun sob acusação de violarem regras do mercado de capitais.
Maior das criptomoedas, o bitcoin chegou a marcar a máxima de US$ 28.853, mas depois desacelerou o ritmo de alta. Se o otimismo perdurar, a expectativa é que a moeda rume para a casa de US$ 30 mil nos próximos dias. Esse seria o próximo limite de resistência para o bitcoin, que passaria a ser negociado próximo do patamar da crise da Terra Luna em maio do ano passado.
Na quarta, o bitcoin perdeu o patamar de US$ 28 mil após o presidente do Fed, Jerome Powell, fazer um discurso considerado dúbio em relação às perspectivas de inflação e de afirmar que não trabalha com a possibilidade de corte de juros ainda este ano. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, também contribuiu com o pessimismo ao se manifestar contrária a ampliar o seguro dos depósitos bancários diante da crise no setor.
O ether (ETH) também voltou a ser negociado acima de US$ 1.800 apesar de dúvidas regulatórias sobre a natureza de seu procedimento de autenticação de transações, que pode ser considerado um valor mobiliário nos EUA.
Perto das 17h50 (horário de Brasília), o bitcoin era negociado a US$ 28.341,22, com alta de 2,9% nas últimas 24 horas, segundo o CoinGecko. Já o ether valia US$ 1.820,38, com alta de 4,3%. Em reais, o bitcoin era cotado a R$ 150.355,35 (+3,68%), enquanto o ether estava em R$ 9.661,70 (+5,35%), de acordo com o MB.
Para André Franco, chefe do Research do MB, o bitcoin pode ter encontrado espaço para retomar o movimento de valorização visto nos últimos dias. “Ao que tudo indica, temos o caminho livre para o bitcoin buscar patamares mais altos caso o Fed tenha que sinalizar impressão de dinheiro e resgate aos bancos”, disse.
Já Tasso Lago, gestor de fundos privados e fundador da Financial Move, vê a volatilidade do mercado no pós-Fed como um movimento natural após vários dias de forte alta do bitcoin. “No geral, o discurso do Powell foi positivo”, disse.