Bitcoin sobe quase 15% nas últimas 24 horas – o que vem pela frente?
Principal criptomoeda bateu US$ 44,2 mil na terça-feira (1); até agora, a guerra entre Rússia e Ucrânia sinalizou dois caminhos para o Bitcoin
Com o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia, o bitcoin e outras criptomoedas operaram em alta nesta terça-feira (1). Nas últimas 24 horas até as 10h, o bitcoin registrou alta de quase 15%, para US$ 44,2 mil por unidade, enquanto o ether avançou 10%, para US$ 2,9 mil.
A percepção de agentes de mercado é que, diante das restrições para transferência internacional de recursos impostas à Rússia, a demanda pelos ativos digitais para realização a remessa de valores pode aumentar.
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Ainda é cedo para saber qual a extensão do conflito ucraniano, mas, até agora, a crise sinalizou duas tendências para as criptomoedas.
A primeira é mais visível. Bitcoin e afins já não são tão descoladas dos demais ativos quanto já foram. Sinal disso é que a desvalorização das moedas virtuais no dia da invasão russa foi reflexo de um movimento quase automático de aversão a risco, segundo Safiri Félix, diretor de produtos e parcerias da Transfero, — o mercado de bitcoin opera 24 horas por dia, sete dias por semana, tornando-se mais exposto a momentos de pânico ou euforia dos investidores globais.
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O que chamou a atenção, naquele momento, é que apesar de o bitcoin ter fama de ser um ativo de proteção, descolado do vaivém dos mercados tradicionais, mais novamente se provou menos eficaz nesse sentido do que o ouro. O metal subiu 0,83% na quinta-feira (24), dia do início da guerra.
“Quando as pessoas ficam com medo, ainda correm para o ouro. Muitos investidores usavam criptomoedas para se proteger da inflação, mas elas são muito voláteis, então não estão mais sendo tão usadas para proteger carteira”, diz Pablo Spyer, CEO da empresa de educação financeira Vai Tourinho. Para ele, o bitcoin tem se comportado mais como uma ação de big tech do que como um porto-seguro para os mercados.
A outra tendência para as criptomoedas é um dos fatores que podem explicar a recuperação das criptomoedas na sexta-feira (25). De acordo com Safiri, trata-se da possibilidade de o bitcoin ser usado como alternativa para a Rússia, caso o país seja excluído do sistema de mensagerias Swift, um importante facilitador de transações internacionais.
Na quinta-feira (24), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu que a exclusão da Rússia da Swift fosse adotada como sanção às hostilidades russas, algo que os líderes das potências ocidentais relutam em fazer num primeiro momento.
A Swift é um sistema global que garante a segurança e rapidez das transferências entre os bancos dos mais diversos países. O banimento russo teria implicações nos pagamentos das compras da energia fornecida pelo país, por exemplo, o que poderia agravar um cenário de inflação global.
“Com a limitação para que russos negociem em dólar, libra e iene, eles podem ir atrás de bitcoin como alternativa por ser uma moeda descentralizada e sem interferência de decisões governamentais”, afirma Safiri.
Na opinião do executivo, a tendência é que todos os países que sofrerem sanções dos Estados Unidos usem mais criptoativos como alternativa para pagamentos, transferências e reserva de valor.
Vale lembrar que Rússia e Ucrânia são polos globais de mineração de bitcoin, de modo que um provável efeito de uma guerra prolongada seria reduzir essa atividade — o que também teria o efeito de valorizar os criptoativos.
No entanto, Márcio Kogut, CEO da fintech de consórcios digitais Mycon, afirma que é muito cedo para fazer qualquer previsão sobre qual será o comportamento das criptomoedas no médio e longo prazos. Na visão dele, os movimentos atuais têm caráter amplamente especulativo.
Kogut diz que medidas como a suspensão de saques em moeda estrangeira e limitação da quantidade de moeda local que a população ucraniana pode retirar de caixas eletrônicos, determinadas na quinta, poderiam também explicar parte da alta dos criptoativos. Há relatos de que o volume de negociação do bitcoin na corretora Kuna, da Ucrânia, cresceu 200% depois da invasão russa, saindo de US$ 1 milhão em 21 de fevereiro para US$ 4,1 milhões três dias depois.