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Bolsa Família e ‘Desenrola’ elevam otimismo e intenção de consumo em março, diz FGV
Avanço no otimismo por parte das famílias de menor renda impulsionou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de março, que subiu 2,5 pontos, para 87 pontos. É o melhor resultado do indicador, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) desde dezembro de 2022 (88 pontos).
Para Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens da FGV, as famílias de menor poder aquisitivo tiveram avaliação mais positiva em relação ao consumo, influenciadas por expectativa de programas do governo. É o caso do novo Bolsa Família, programa de transferência de renda que concede adicionais de recursos por filho, em cada família; e o “Desenrola”, programa de renegociação de dívidas voltado para famílias de menor renda. Isso acabou impulsionando o ICC do mês, comentou a especialista.
Mas Viviane faz um alerta. Não há, no momento, expectativas de boas notícias no fronte econômico que possam induzir o ICC a uma trajetória de alta sustentável, nos próximos meses.
Ao detalhar impacto de famílias de menor poder aquisitivo, no resultado do ICC do mês, ela citou a evolução da intenção de consumo por faixas de renda, também pesquisada pela FGV.
Intenção de consumo avança entre mais pobres e na classe média
Entre famílias com ganhos mensais até R$ 2.100,00, o ICC subiu 4 pontos em março, para 88,4 pontos. Ao mesmo tempo, as outras faixas de renda tiveram ou aumento menos expressivo; ou queda, na passagem de fevereiro para março. É o caso da queda de 0,1 ponto nas famílias com renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00 mensais; de aumento de 3,1 pontos nas com renda mensal entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00; e recuo de 0,8 ponto nas com ganhos mensais acima de R$ 9.600.
O maior ímpeto de consumo entre os de menor poder aquisitivo puxou para cima tanto as respostas sobre presente quanto as de futuro, acrescentou ainda a técnica. Nos dois sub-indicadores componentes do ICC, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,7 pontos; e o Índice de Expectativas (IE) avançou 2,2 pontos, em março ante fevereiro.
Para Viviane a intenção de consumo mostra “sinais contraditórios” em março. Se, por um lado, há boa expectativa entre os mais pobres sobre impacto de programas de transferência de renda e de renegociação de dívida, por outro não há boas notícias na economia brasileira, como mercado de trabalho pujante por exemplo, que justifiquem maior consumo. “O cenário econômico não mudou”, frisou a especialista, lembrando que a expectativa para 2023 é de atividade econômica mais enfraquecida ante ano passado.
Juros altos e crédito restrito entre mais pobres
Outro aspecto mencionado por ela é o atual quadro de juros altos e crédito mais restrito, principalmente entre os mais pobres, que não deve mudar por algum tempo. Para a especialista, isso pode “influenciar bastante” os próximos resultados de intenção de consumo, especialmente de duráveis.
“A baixa renda pode estar dando resultados positivos [de intenção de consumo]. Mas as outras [faixas de renda] nem tanto”, comentou.
“Você não tem resultados na economia que garantam que a confiança vai continuar a subir; você não tem programas [do governo] que beneficiem outras faixas de renda”, notou.
Assim, para ela, o mais provável é que se tenha “sobressaltos na confiança”, nos resultados futuros do ICC, por conta dessa heterogeneidade na intenção de consumo por faixas de renda.
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