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Brasil e Argentina criarão linha de crédito para comércio exterior
O Brasil e a Argentina vão assinar nesta segunda-feira um acordo para a criação de uma linha de crédito para financiamento de comércio exterior, segundo apurou o Valor. A medida será anunciada durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país.
Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda que participou ativamente da elaboração do acordo, a ideia é retomar as relações comerciais com a Argentina, que caiu para patamares inferiores aos registrados antes da criação do Mercosul.
A linha de crédito será garantida pelo Fundo Garantidor de Exportação, com contrapartida de contratos depositados em Nova York para garantir a conversibilidade, mas sem subsídio brasileiro. A ideia é que qualquer banco possa conceder o empréstimo e que os recursos sejam depositados diretamente para o exportador brasileiro para garantir que sejam utilizados apenas em transações comerciais.
O acordo também garante fluxo financeiro livre entre os países, que também abrirá possibilidade de empresas brasileiras retirarem, sem restrições, seus recursos da Argentina.
Atualmente, a Argentina sofre com baixa liquidez em divisas internacionais e, com isso, tem dificuldades para importar bens e serviços de outros países. Com baixa oferta de reais, parte do comércio que antes era feito com o Brasil passou a ser realizado com a China.
Inicialmente, cogitou-se a criação de uma linha de swap – troca de moedas – nos moldes da oferecida pelo Federal Reserve (Fed) ao Brasil no início da pandemia de Covid-19, mas a ideia foi descartada porque o Banco Central (BC) brasileiro tomaria o risco do peso argentino sem contraparte.
No ano passado, a inflação na Argentina teve alta de 94,8% e sua moeda se desvalorizou mais de 40% no período. Segundo a fonte, o Ministério da Fazenda contou com apoio do presidente do BC, Roberto Campos Neto, na elaboração da proposta.
Posteriormente, estuda-se criar uma unidade de conta comum para operações comerciais do Mercosul, que seria uma espécie de moeda única entre os membros, mas que, segundo a fonte, depende de “boas práticas” econômicas dos países.
Dessa forma, a ideia é que, para ingressar, o membro se comprometesse a seguir diretrizes específicas.
A proposta do governo Lula se afasta do desenho de moeda única defendida pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes, que seria mais parecida com o euro, que é realmente uma divisa única entre países da União Europeia, usada não só para comércio exterior.
Hoje, o Brasil tem o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), de pagamento internacional administrado pelo BC em parceria com os bancos centrais da Argentina, Uruguai e Paraguai.
O sistema permite que pagamentos sejam efetuados diretamente em reais, sem necessidade de moeda intermediária, como o dólar, e sem contrato de câmbio. Mas, como a Argentina tem baixa liquidez em reais, o mecanismo se tornou ineficiente para operações de importação com o Brasil.
Em 2021, segundo dados da autoridade monetária, o Brasil exportou R$ 3,95 bilhões para a Argentina por meio do SML e importou R$ 291 mil, níveis historicamente baixos.
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