Brasil ‘se deu bem’ mesmo com tarifas de importação de Trump, diz Itaú

Primeira rodada de tarifas de importação anunciada por Trump beneficiou Brasil, que aumentou mercado com China

A primeira onda de tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, beneficiou o Brasil, avalia o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita. O País se sobressaiu no primeiro round de barreiras comerciais dos Estados Unidos porque aumentou suas relações comerciais com a China na negociação de commodities, disse Mesquita em encontro com jornalistas na terça-feira (18).

Trump anunciou neste mês o aumento de 10% em tarifas comerciais sobre produtos chineses. Nesse sentido, economistas do Itaú Unibanco dizem em relatório que a ameaça da política de reciprocidade tarifária dos EUA, que procura equiparar alíquotas de importação, é um dos principais riscos ao Brasil.

Itaú espera tarifas de importação mais duras contra China

Desde o início da disputa comercial travada pelos Estados Unidos com esses países, o Brasil se beneficiou porque exportou mais para a China, disse Mario Mesquita. “A primeira parte da guerra comercial nos beneficiou porque ganhamos mercado com a China”, afirmou.

O espaço a ser conquistado pelo Brasil dentro da balança de seu maior parceiro comercial, no entanto, é limitado. Especialmente para produtos como soja e aço. “Em milho avaliamos que existe um ganho maior, mas ainda limitado”, completou Mesquita.

As tarifas de importação, por enquanto, afetam mais a economia de países como a China e o México.

No aço, Trump anunciou uma taxa universal de importação de 25%. A medida afeta empresas produtoras de aço no Brasil, assim como suas ações na bolsa de valores.

O Itaú espera que Trump continue a anunciar novas tarifas de importação, com foco maior sobre a China e a Europa.

No fronte europeu da guerra comercial, o foco dos Estados Unidos deve ser a taxação do mercado automobilístico, relataram os economistas do banco.

Nesse sentido, o mau desempenho da economia do México em 2024 deve levar à saída de investimentos de projetos de nearshoring (linhas de produção em países vizinhos) e friendshoring (linhas de produção em países aliados), ponderou Mesquita.

Trump: de ‘America first’ para ‘America only’

Mario Mesquita disse ainda que Trump parece ter deixado para trás o slogan ‘America first’, e, no lugar, vem adotando o ‘America only’. Ou seja, mudou a postura de “América primeiro” para “somente a América”.

Além disso, o banco considera provável um cenário em que Trump implemente tarifas de importação “de forma mais rápida e com ameaças mais amplas”. O presidente americano, por exemplo, deve ser ainda mais agressivo com a China do que em seu primeiro mandato.

Nesse sentido, o Itaú calcula que uma política de reciprocidade de tarifas contra o Brasil poderia elevar taxas de importação de produtos manufaturados em 10,4%.

“Se este for o caso setor a setor, praticamente todos os itens serão afetados, com os maiores aumentos em bens manufaturados e maquinário”, dizem os economistas do banco.

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