O Brasil tem pela frente enormes superávits na balança comercial que o levarão a virar o jogo nas contas correntes e fortalecer o real contra outras moedas, tornando-se a “Suíça da América Latina”.
Esta é a previsão do alemão Robin Brooks, economista-chefe do Institute of International Finance (IIF), um prestigioso clube global de bancos, uma espécie de Febraban internacional.
Com base num histórico do saldo de comércio do Brasil com o exterior nos meses de abril desde o ano 2000 até este ano, Brooks previu em postagens no Twitter nesta sexta-feira que o volume crescente de exportações agrícolas para a China levará a saldos ainda mais positivos da balança comercial brasileira.
Superávit
No período compreendido, o país saiu de saldo quase zero no ano 2000 para um saldo positivo de US$62,3 bilhões. Em 2023 até abril, o superávit é de US$24,1 bilhões.
“O Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América Latina. Um enorme superávit comercial está surgindo, diferente de qualquer outro país da região”, afirmou Brooks no tuíte. “Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte, diferente do resto da América Latina. O Brasil será a âncora da região”, complementou.
Saldos positivos na balança vão compensar os déficits
Para o economista, os crescentes saldos positivos na balança vão compensar os déficits registrados pelo Brasil nas transações correntes, aquelas que incluem também outras operações do país com o exterior, como as remessas de lucros de empresas.
Historicamente, as transações correntes do país têm saldo negativo. Em 2022, o déficit foi de US$ 55,7 bilhões, superando os US$ 46,4 bilhões de déficit no ano anterior. No período de 12 meses até o mês passado, o déficit brasileiro em transações correntes de 12 meses somou US$ 54,2 bilhões.
“Essas remessas de lucros são barulhentas. A conta corrente do Brasil caminha para o superávit”, sentenciou Brooks no tuíte.
Escalada de comentários
Os comentários de Brooks, logo resultaram numa escalada de comentários, vários deles satirizando ou relativizando as previsões do economista do IIF, dadas as condições ainda incertas da economia global e outros fatores não considerados no tuíte, como a possibilidade de aumento das importações e de remessas internacionais.
Brooks tem sido ao longo dos anos um notório otimista em relação à performance da moeda brasileira. Em meio à repercussão de previsões anteriores sobre o assunto, algumas na contramão do consenso do mercado, ele ganhou o apelido “o careca do Goldman”, numa alusão ao seu emprego anterior como economista do banco norte-americano Goldman Sachs.
Procurado pela Inteligência Financeira, nem Brooks nem a IIF responderam de imediato a pedidos para detalhar as teses nas quais ele se baseou para fazer suas previsões.