Brasil vê janela de oportunidade para melhorar acordos comerciais com o México
O Brasil vê uma janela de oportunidade com a posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, para ampliar a exportação de produtos agrícolas para a região e melhorar os acordos comerciais vigentes na área industrial, afirmou nesta quarta-feira (25) a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan. Sheinbaum tomará posse […]
O Brasil vê uma janela de oportunidade com a posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, para ampliar a exportação de produtos agrícolas para a região e melhorar os acordos comerciais vigentes na área industrial, afirmou nesta quarta-feira (25) a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan.
Sheinbaum tomará posse no dia 1º para um mandato de seis anos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajará no domingo para acompanhar a cerimônia. Na segunda-feira (30), Lula terá encontros bilaterais separados com Claudia e com Andrés Manuel López Obrador, o atual presidente mexicano.
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O tema da ampliação da relação comercial entre os dois países deverá ser abordado nos encontros. Há a possibilidade de uma carta conjunta a ser divulgada após as reuniões, mas a expectativa é que as negociações avancem de fato em 2025.
Segundo Padovan, há uma “janela de oportunidade” para o Brasil negociar uma ampliação das relações comerciais com o México no próximo ano, antes que o país latino-americano entre, em 2026, nas renegociações de alíquota do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), antigo Nafta.
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“Gostaríamos de iniciar rapidamente essa negociação. 2025 é uma janela de oportunidades antes que essa negociação mais abrangente [do México com Estados Unidos e Canadá] ocorra”, afirmou a embaixadora, em entrevista coletiva para comentar a viagem presidencial ao México.
Há a intenção, por parte do governo brasileiro, de ampliar os Acordos de Complementação Econômica nº 53 e nº 55 (ACE 53 e ACE 55), que abrangem apenas 13% dos produtos brasileiros. “[Os acordos] são muito restritos”, disse. O primeiro trata de produtos em geral e o segundo envolve o setor automotivo.
Ela também citou o programa mexicano para baratear a compra de alimentos, o que é uma oportunidade para que o setor agrícola brasileiro passe a exportar mais para o México. “Tema da segurança alimentar é caro aos dois países. Evidentemente, essa preocupação [do México] com o preço dos alimentos nos coloca uma oportunidade como país grande exportador de alimentos que somos”, disse Padovan.
Venezuela
A embaixadora também comentou que é “natural” que o tema das eleições na Venezuela seja abordado pelo presidente Lula nas reuniões bilaterais com Sheinbaum e Obrador, mas não está previsto nada específico de avanço.
“Claro que, quanto mais países, e países com peso de Brasil, Colômbia e México [tratando da questão], dá mais alavancagem para mostrar que é assunto de âmbito regional. O Brasil gostaria de estar junto com seus parceiros [nessa discussão]”, disse a Secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty.
Sobre a reforma judicial do México — um tema que tem preocupado investidores —, Padovan preferiu não fazer comentários, por se tratar de um tema interno. O México aprovou uma ampla reforma judicial, em que os cidadãos passarão a eleger os membros do Judiciário, inclusive ministros da Suprema Corte.
Além das reuniões bilaterais com Sheinbaum e Obrador, o presidente Lula vai fazer o encerramento, na segunda-feira, de um fórum empresarial entre os dois países. São esperados 500 convidados.
Ainda na segunda, Lula participará do jantar oferecido a chefes de Estado que acompanharão a posse de Sheinbaum. O presidente brasileiro também participa, na terça-feira (1º de outubro), da cerimônia de posse na Câmara dos Deputados do México e, depois, se dirige ao Palácio Nacional, onde a presidente empossada receberá os cumprimentos das autoridades.
Não estão previstos, até o momento, outros encontros bilaterais de Lula com demais chefes de Estado que acompanharão a posse.
*Com informações do Valor Econômico