Brasileiro precisa poupar mais para garantir aposentadoria, aponta estudo

A falta de proteção para enfrentar a velhice é uma preocupação mundial e também no Brasil

Fred Knapp, da Swiss Re, afirma que é preciso um trabalho constante para conscientizar a população sobre a necessidade de poupar para garantir o futuro — Foto: Divulgação
Fred Knapp, da Swiss Re, afirma que é preciso um trabalho constante para conscientizar a população sobre a necessidade de poupar para garantir o futuro — Foto: Divulgação

A falta de proteção para enfrentar a velhice é uma preocupação mundial. No Brasil, o tema está em pauta há décadas, mas ganha relevância com o avanço do envelhecimento da população. O clichê de que o país vai envelhecer antes de enriquecer pode ser traduzido em termos reais a partir de números. Um estudo do Swiss Re Institute mostra dados preocupantes. A diferença entre os ativos previdenciários e a necessidade de renda para a aposentadoria é de US$ 514 bilhões ao ano na América Latina. E o Brasil, que sempre é citado como o maior país da região, aqui também recebe esse status, com um gap de US$ 180 bilhões por ano.

Fred Knapp, responsável por resseguros no Brasil e Cone Sul da Swiss Re, ressalta que o Brasil possui a maior lacuna por trabalhador na América Latina. A boa notícia é que tem uma força de trabalho relativamente jovem e idade de aposentadoria tardia. “Mas essas vantagens atuais precisam de atitudes firmes para não se transformarem em perdas. Este gap de proteção impacta os governos por meio de maior risco de pobreza, saúde precária e pressão sobre as gerações mais jovens”, afirma.

Pensando em como gastar menos para investir mais? Inscreva-se agora e tenha acesso gratuito à 'Planilha de Controle Financeiro'. É só baixar e começar!

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Knapp ressalta que as reformas previdenciárias transferem para os indivíduos a responsabilidade de economizar para a aposentadoria e a gestão dos riscos ao longo da vida, como mortalidade, morbidade, longevidade e desempenho do investimento. Esses riscos restringem a capacidade do indivíduo de sustentar sua aposentadoria, uma vez que um período de ausência do trabalho por motivo de doença, assistência à família ou mesmo morte influenciaria as economias familiares.

E como mudar tal situação? Segundo o especialista no tema, uma palavra resume tal desafio: conscientização. Das pessoas, dos governantes e da sociedade como um todo. “É preciso um trabalho sério e constante de equipe para que todos entendam que uma parcela relevante da sociedade não terá a proteção necessária. Já está acontecendo no Brasil e passa a ser mais relevante a partir de agora com o envelhecimento da população, criando um déficit para os mais jovens no futuro”, aponta.

Últimas em Economia

O governo, segundo o estudo, tem um papel primordial para a educação. O trabalho informal traz um grande impacto e deve entrar nas prioridades do governo reduzir essa lacuna.

Segundo o estudo, a educação financeira tem de começar na educação primária, com ênfase na importância de poupar recursos e mitigar riscos como acidentes, doenças graves, invalidez, situações que podem reduzir a poupança acumulada. “Vimos isso durante a pandemia. Muitos precisaram sacar recursos que estavam acumulando para fazer frente a despesas do dia a dia”, comenta.

Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), somente neste ano, os resgates em planos de previdência aberta cresceram 25%, de janeiro a outubro deste ano, alcançando R$ 84,7 bilhões. Em seguro de vida, as indenizações totalizam R$ 5,4 bilhões em pedidos decorrentes da covid-19 entre abril de 2020 a outubro de 2021.

Do ponto de vista das seguradoras, a prioridade tem de estar em ofertar produtos acessíveis, principalmente para as camadas de menor renda. “Preço que caiba no bolso do indivíduo, oferta abrangente, produtos simples de serem entendidos. Sem qualquer nomenclatura desconhecida pelos cidadãos”, ressalta. Outra tendência para reduzir a lacuna de proteção é a customização. “Os indivíduos precisarão de proteção de seguro mais personalizada, na forma de coberturas de vida, assistência médica, invalidez e doenças graves, para que esses riscos possam ser gerenciados.”

“Vemos uma importante oportunidade de trazer soluções de resseguros que podem ajudar a fechar a lacuna de proteção de mortalidade no Brasil. Apenas 53% do risco de morte é coberto pelo mercado de seguros, como informado em relatório do Swiss Re Institute. Outras soluções de seguro podem incluir coberturas biométricas, como mortalidade, morbidade e cuidados de longo prazo com um componente de poupança, para fornecer cobertura flexível e responsiva por toda a vida”, afirma.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS