Super Quarta tem decisão sobre juros nos EUA e no Brasil
Investidores também estão monitorando medidas de Jair Bolsonaro (PL) para tentar diminuir rejeição que possam afetar a saúde fiscal do país
Os investidores internacionais começam a semana prendendo a respiração.
Na quarta-feira (21), o comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anuncia mais um passo na sua estratégia para tentar conter a maior inflação em 40 anos. A maioria dos analistas aposta em uma terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual, levando a taxa básica de juros americana para o intervalo 3%-3,25% ao ano, mas há quem esteja prevendo um aumento de 1 p.p. devido ao discurso duro dos membros do banco nas últimas semanas.
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Até que a decisão seja divulgada, não se deve esperar grandes movimentos nos mercados. Porém, mais do que o tamanho do aumento em si, os analistas querem entender até onde deve ir a trajetória de elevação dos juros para então rever seus cenários. Quanto maior e mais longo o aperto, menos interessante ficam as aplicações tidas como mais arriscadas – a Bolsa de Valores e, em especial, as ações de empresas de tecnologia.
O Brasil, assim como outros países emergentes, sofre com essas perspectivas. Muitos investidores desistem de colocar seu dinheiro nesses mercados para comprar os seguríssimos títulos do Tesouro americano. No caso dos ativos brasileiros, o impacto poderia ser menos pronunciado por causa da elevada taxa de juros local.
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Também na quarta (21), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil anuncia se vai voltar a elevar os juros, atualmente em 13,75% ao ano. A maior parte das estimativas é de que não. Mesmo assim, e considerando aumentos adicionais nos EUA, o diferencial para os juros americanos continuaria alto o suficiente para convencer os investidores a ficar. Muitos costumam aproveitar essa disparidade para fazer uma transação conhecida como carry trade: pegar dinheiro emprestado em outros países a taxas mais baixas para aplicar na renda fixa brasileira e ganhar o saldo dos juros. Esse fluxo se mantendo, o real não seria muito afetado pelo aumento dos juros nos EUA.
Eleição e descontrole fiscal
Divulgada na quinta passada (15) à noite, a mais recente edição da pesquisa Datafolha de intenção de voto para a eleição deste ano mostrou o presidente Jair Bolsonaro (PL) oscilando 1 p.p. para baixo, com 33%, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estável em 45%. A vantagem consolidada do petista acendeu no mercado uma preocupação: a de que Bolsonaro lance mão de algum outro expediente para distribuir dinheiro à população e tentar angariar mais apoio (em bom português, comprar votos).
Foi o que o chefe do Executivo fez, no meio do ano, ao criar um pacote de R$ 44 bilhões em benefícios como o aumento do Auxílio Brasil e os abonos para taxistas e caminhoneiros. O efeito desse pacote na inflação e nas contas do país ainda não foram totalmente estimados, mas é consenso que o governo federal está no limite da credibilidade em relação à capacidade financeira de honrar seus compromissos.
Neste domingo (18), o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim publicou uma nota que justifica a apreensão do mercado. Jardim disse que a gestão Bolsonaro está preparando uma “bala de prata na economia” para tentar virar o jogo no pleito.
Não se sabe ainda o que poderia ser, mas alguns analistas estão comentando que um novo saque do FGTS (Fudo de Garantia do Tempo de Serviço) seria a alternativa de maior impacto e menos complicada de ser implementada neste momento. Na sexta (16), os analistas do JOTA disseram que Bolsonaro prepara a antecipação da terceira rodada de pagamentos do Auxílio Brasil sem ter viabilizado a segunda parcela. A ideia de é que os R$ 600 cheguem às mãos dos beneficiários a partir de 9 de outubro, uma semana após o primeiro turno eleitoral.
Agenda da semana*
Segunda-feira (19)
- Dia todo – Reino Unido: Feriado bancário para o enterro da Rainha Elizabeth 2a.
- 8h25 – Brasil: Boletim Focus (semanal)
Terça-feira (20)
- 14h – Zona do Euro: Discurso de Christine Lagarde, presidente do BCE (Banco Central Europeu)
Quarta-feira (21)
- 4h – Zona do Euro: Reunião do BCE
- 11h – EUA: Vendas de casas usadas (agosto)
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo bruto
- 15h – EUA: Decisão de política monetária do Fed
- 15h30 – EUA: Entrevista coletiva à imprensa de Powell, do Fed
- 18h – Brasil: Decisão de política monetária do Copom
Quinta-feira (22)
- 5h – Zona do Euro: Relatório mensal
- 8h – Reino Unido: Decisão de taxa de juros
- 9h30 – EUA: Pedidos de seguro-desemprego (semanal)
Sexta-feira (23)
- 5h – Zona do Euro: PMIs industrial, de serviços e composto (setembro)
- 5h30 – Reino Unido: PMIs industrial, de serviços e composto (setembro)
- 10h45 – EUA: PMI industrial (setembro)
- 15h – EUA: Discurso de Powell, do Fed
* Todos os horários de Brasília