Semana tem repercussão de dados chineses, Copom e balanços; destaque é eleição presidencial

Investidor de longo prazo não precisa reagir a cada notícia, mas considerar os dados em sua estratégia

Como se diz no futebol, esta semana que começa é teste para cardíaco. A lista de eventos e informações que podem mexer com os investimentos no Brasil e no exterior é longa.

Mas, antes de contar tudo que os últimos dias de outubro reservam para o mercado financeiro, uma palavra para explicar como o investidor deve lidar com tantos dados e acontecimentos.

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Calma.

A não ser em caso de catástrofe, os investidores de longo prazo não precisam mexer nas suas aplicações a cada notícia que sai. Quem compra e vende ativos ao sabor da última novidade é o trader, um investidor de curtíssimo prazo – que pode inclusive realizar transações várias vezes ao dia.

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As fortes reações que frequentemente se vê a um indicador, por exemplo, são muito emocionais. Tanto que geralmente duram pouco: quando o número é divulgado, pode haver uma forte alta ou baixa dos ativos que perde força ao longo do pregão porque, depois do primeiro reflexo, vem uma análise mais aprofundada.

O investidor de longo prazo acompanha o cenário econômico cotidianamente, então não é comum ser surpreendido por determinado evento a tal ponto de precisar mexer em suas posições. Mais importante do que o número em si – difícil de prever – é a direção que aponta. Assim, é possível avaliar os dados com mais frieza para tentar tomar decisões melhores.

Agora, aos destaques do calendário.

Indicadores chineses

Estava agendada para o início da semana passada a divulgação de importantes indicadores sobre a economia chinesa – PIB (Produto Interno Bruto ) do terceiro trimestre, produção industrial, vendas do varejo e taxa de desemprego (setembro) –, mas o anúncio foi adiado em meio à realização do congresso do Partido Comunista. O evento acabou no domingo (23), com a eleição do presidente Xi Jinping para mais cinco anos de mandato (ele já está no cargo há dez anos), e os dados saíram na manhã desta segunda (24), surpreendendo positivamente o mercado. A economia chinesa cresceu 3,9% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passando, acelerando em relação à expansão de 0,4% registrada no segundo trimestre. O resultado foi melhor do que os 3,5% previstos pelos ananlistas de mercado.

Como afeta os investimentos? A segunda maior potência mundial está desacelerando, em grande parte devido à política do governo de “Covid zero”, que determina um lockdown rigoroso em qualquer região onde um caso seja registrado. Essa é uma má notícia especialmente para o Brasil, que tem no país asiático seu maior parceiro comercial, destino da maior parte das exportações de commodities. Como o desaquecimento da economia chinesa no terceiro trimestre foi menor do que o esperado, as ações de exportadoras brasileiras registraram as maiores altas do pregão na B3. A Suzano ganhou 3,5% e a Klabin, 1,5%.

Copom (e BCE)

Na quarta (26), o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro) divulga sua decisão sobre os rumos da taxa básica de juros. Depois de 12 altas seguidas, em setembro a autoridade monetária interrompeu o ciclo de elevação da Selic, que está em 13,75% ao ano. Como a inflação permanece comportada, o mercado não espera nenhuma mudança neste mês, mas quer ter alguma sinalização de como o BC está vislumbrando a evolução do cenário para começar a cortar a taxa.

As perspectivas não são tão boas para as nações mais desenvolvidas. Na quinta, é a vez de o BCE (Banco Central Europeu) divulgar como fica a taxa de juros da Zona do Euro. No início de setembro, suas três taxas básicas foram elevadas em 0,75 ponto percentual, ficando entre 0,75% e 1,25% ao ano. Como a região continua lutando com uma inflação resiliente, a mais alta em 40 anos, os economistas esperam mais uma elevação de 0,75 p.p. agora.

Como afeta os investimentos? Taxas de juros altas aumentam a atratividade da renda fixa, desencorajando as aplicações em renda variável. Se a alta das taxas for agressiva demais, pode levar a economia à recessão.

Balanços

A temporada de divulgação de balanços do terceiro trimestre do ano começou na semana passada e ganha fôlego nesta, com os resultados de empresas importantes para a economia como Klabin, Santander, Ambev, Gol, Vale e Usiminas. Além da qualidade da gestão dessas companhias, os números devem mostrar também como estão sendo afetadas pela desaceleração da China, no caso das exportadoras, e pelos juros altos no Brasil, no caso das que dependem do mercado doméstico.

Como afeta os investimentos? Desempenhos melhores ou piores do que o esperado podem levar a uma revisão de carteiras de investimentos em ações.

Eleição presidencial

Os dias que antecedem o segundo turno da eleição presidencial prometem ser tensos. Todas as pesquisas de intenção de votos apontam vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o incumbente, Jair Bolsonaro (PL), mas a campanha do atual presidente está usando todas as armas, legais e ilegais, para tentar diminuir a distância, incluindo a antecipação do pagamento de benefícios sociais. A disputa pode ficar mais violenta também. Neste domingo (23), o ex-deputado e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson, recebeu com granadas e tiros de fuzil os policiais federais que foram à sua casa cumprir uma ordem de prisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao gravar, no sábado (22) um vídeo ofendendo a ministra Carmem Lúcia, Jefferson violou as condições de sua prisão domiciliar, decretada por seu envolvimento na divulgação de fake news.

Como afeta os investimentos? Nos últimos dias, as ações de empresa estatais, notadamente a Petrobras, subiram com a animação de uma parte do mercado com a tendência de crescimento de Bolsonaro nas pesquisas. Existe uma aposta de que as estatais teriam mais chance de ser privatizadas num eventual segundo turno do atual chefe do Executivo. No entanto, os investidores não esperam uma guinada da economia em caso de vitória do Lula.

Agenda da semana

Segunda-feira (24)

  • S/h – China: PIB (3º trimestre), produção industrial (setembro), vendas no varejo (setembro), taxa de desemprego (setembro)
  • 5h – Zona do Euro: Prévias dos PMIs industrial, de serviços e composto da S&P Global (outubro)
  • 8h25 – Brasil: Boletim Focus
  • 10h45 – EUA: Prévias dos PMIs industrial, de serviços e composto da S&P Global (outubro)
  • 12h – EUA: Discurso de Janet Yellen, secretária do Tesouro
  • BALANÇOS: Neoenergia, Vivo, WEG

Terça-feira (25)

  • 9h – Brasil: IPCA-15 (outubro)
  • 14h55 – EUA: Discurso de Christopher Waller, membro do comitê de diretores do Fed (Federal Reserve, banco central americano)
  • BALANÇOS: Energias do Brasil, Odontoprev, Klabin, Santander, Auren

Quarta-feira (26)

  • 5h – China: Balança comercial (setembro)
  • 11h – EUA: Vendas de casas novas (setembro)
  • 11h30 – EUA: Estoques de petróleo
  • A partir das 18h – Brasil: Decisão do Copom
  • BALANÇOS: Suzano, Ambev, Gol, Vale, Vamos, Hypera, Grendene

Quinta-feira (27)

  • 8h – Brasil: Índice de evolução de emprego do Caged (setembro)
  • 9h – Brasil: Taxa de desemprego (setembro)
  • 9h15 – Zona do Euro: Decisão da taxa de juros do BCE
  • 9h30 – EUA: Pedidos de bens duráveis (setembro), prévia do PIB (3º trimestre), pedidos de seguro-desemprego

Sexta-feira (28)

  • 9h30 – EUA: Índice de preços PCE (setembro); gastos e renda do consumidor (setembro)
  • 11h – EUA: Vendas de moradias usadas (setembro)
  • 21h30 – Brasil: Último debate entre os candidatos à presidência da República, na TV Globo
  • BALANÇOS: Usiminas

Domingo (30)

  • A partir das 18h – Brasil: Resultado do segundo turno da eleição presidencial

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