Campos Neto: ‘Arcabouço elimina risco de dívida pública explodir’
Presidente do BC disse ainda que é 'importante reconhecer o esforço do governo e do ministro Haddad'
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que é necessário reconhecer o esforço que o governo e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm feito em relação à proposta de arcabouço fiscal, divulgada na semana passada. “Elimina um risco de cauda para quem achava que a dívida poderia ter uma trajetória explosiva”, disse o dirigente. “Nossa avaliação é super positiva; vamos observar como vai ser a tramitação no Congresso.”
As declarações de Campos Neto foram feitas durante painel em evento organizado pelo Bradesco BBI nesta quarta-feira. Em seus comentários, o dirigente voltou a dizer que não existe uma relação mecânica entre a política fiscal e a taxa de juros e ressaltou que o importante “é atuar dentro do sistema de metas”. Nesse sentido, para ele, é preciso ver como a proposta de arcabouço fiscal terá impacto na dinâmica das expectativas de inflação.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Campos Neto apontou, ainda, que há uma ansiedade em relação às receitas e também às despesas obrigatórias, o que, para ele, precisa ser cobrado “com parcimônia”. O dirigente lembrou que o Brasil não conseguiu fazer ajustes grandes de despesas na história recente e afirmou ser preciso dar credibilidade para o que o governo tem feito nesse sentido.
Para o presidente do BC, se for preciso achar um equilíbrio fiscal via despesas ou via receitas, “pelo livro-texto, via receita tem maior possibilidade de gerar impacto inflacionário”. Campos Neto apontou, ainda, que os ajustes de despesas vêm com reformas estruturais “e têm efeitos em prazos mais longos”.
Últimas em Economia
‘Crise de estabilidade financeira’
Ainda no evento do Bradesco BBI, o presidente do BC afirmou que, se houver uma crise de estabilidade financeira muito grande, é possível que ela afete o campo da política monetária, mas ressaltou que isso só ocorreria em casos extremos. O dirigente, inclusive, defendeu o princípio de separação, no qual instrumentos diferentes são utilizados para questões relacionadas à estabilidade financeiras e para os objetivos de estabilidade de preços. “O que temos visto é que os bancos centrais estão tentando fazer essa separação”, observou.
Campos Neto apontou que os bancos têm mostrado preocupação em relação à desaceleração do crédito, mas não acham que há uma crise no momento “ou um problema mais estrutural no sistema de crédito”. Ele observou, ainda, que há uma migração de pessoa física para produtos emergenciais, que têm juros mais altos, em um movimento que preocupa. “O endividamento está bastante alto”, disse o dirigente.
Na parte de mercado de capitais, Campos Neto observou que houve um “fechamento” das debêntures recentemente, mas que, na última semana, voltou a ter algum negócio. Além disso, o presidente do BC afirmou que, em relação ao tema Americanas, a autoridade monetária tem olhado o produto excedente sacado. “E a opinião, em geral, é que o produto voltou a estar relativamente estável”, afirmou.