Campos Neto fica como presidente do Banco Central mesmo com vitória de Lula

Com autonomia, troca no comando da autoridade monetária não pode ocorrer antes de dezembro de 2024

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

A lei de autonomia do Banco Central (BC), sancionada em fevereiro do ano passado, garantiu mandatos fixos ao presidente e aos diretores da autarquia, em formato intercalado. Pela nova legislação, que visa blindar a autoridade monetária contra interferências políticas, os membros do colegiado podem ocupar o posto por quatro anos, com direito a uma recondução para mais quatro anos.

Diante disso, mesmo com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela presidência da República, o atual titular da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, permanece no cargo até dezembro de 2024. Ele foi indicado por Jair Bolsonaro (PL), que era candidato à reeleição, mas ficou em segundo lugar na disputa. Entenda:

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Com a vitória de Lula, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai permanecer no cargo?

Sim, pela lei que concedeu autonomia ao BC, seu mandato vai até dezembro de 2024 – os dois próximos anos na gestão petista. Embora Campos seja presidente da autarquia desde fevereiro de 2019, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a nova regra foi aprovada durante a sua gestão e ele foi nomeado oficialmente em abril do ano passado (com mandato retrocedendo a janeiro).

Campos poderá ser presidente do BC depois de 2024?

Ele tem direito a uma recondução e poderia permanecer na presidência da autoridade monetária até 2028, em comum acordo com o presidente da República, mas já disse publicamente que não aceitaria um novo mandato. Campos afirmou que advogou contra a recondução quando a lei de autonomia foi elaborada porque cria uma “fragilidade” e que sua decisão foi tomada independentemente de quem seria eleito.

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Lula pode demitir Campos?

A nova lei determina que uma eventual demissão seja justificada e tenha o aval do Senado. Dessa forma, os membros da diretoria colegiada só podem deixar o cargo a pedido ou caso algo grave aconteça.

Lula vai revogar a lei de autonomia do BC?

Em entrevista ao SBT no fim do mês passado, Lula sinalizou que não vai se opor à autonomia do BC, mas defendeu que a autarquia cuide também da atividade econômica e da criação de empregos, que foram incluídos na lei como “objetivos secundários”. Atualmente, a principal atribuição da autoridade monetária é controlar a inflação. Na ocasião, o presidente eleito elogiou Campos e disse que o atual titular do BC é um “economista competente”.

Como fica o mandato da diretoria?

Além do presidente, os diretores do BC também terminam o mandato ao longo da gestão petista, mas ainda têm direito a uma recondução. Bruno Serra Fernandes (política monetária) e Paulo Sérgio Neves de Souza (fiscalização) ficam no cargo até 28 de fevereiro de 2023.

Maurício Costa de Moura (relacionamento, cidadania e supervisão de conduta) e Fernanda Guardado (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos) têm mandato até 31 de dezembro 2023.

Carolina de Assis Barros (administração) e Otávio Ribeiro Damaso (regulação) ficam até 31 de dezembro de 2024. Já Renato Gomes (organização do sistema financeiro e resolução) e Diogo Guillen (política econômica) ficam até 31 de dezembro de 2025.

A recondução depende de decisão do presidente da República, mas não precisa do aval do Senado.

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