Campos Neto: ritmo de queda de 0,50 pp na Selic é ‘apropriado’ e 2023 foi melhor que esperado
Campos Neto também afirmou que o ambiente global tem favorecido o Brasil e que 2023 está sendo um ano melhor do que o esperado, mas que há desafios para 2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta terça-feira (5), durante evento promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo, que a autoridade monetária vê o ritmo de queda da Selic de 0,50 ponto porcentual como apropriado e que esta é a sinalização para as próximas duas reuniões, como já indicado em comunicados.
“O Banco Central tem adotado postura prudente e entendemos que seguir o ritmo de queda de 0,5 pp é adequado. Entendemos que a batalha da desinflação não está ganha e precisamos perseverar”, disse ele.
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Campos Neto afirmou que, apesar das indicações dos comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom), é possível que haja novas avaliações, embora o cenário trabalhado pelo BC já venha sendo informado. A próxima reunião do Copom ocorrerá na semana que vem.
O presidente da autoridade monetária pontuou que do último encontro para este houve mudanças marginais. No cenário global, um avanço da desinflação e no local, a convergência para a meta.
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“Entendemos que, por ora, conseguimos seguir com esse espaço, mas temos muita incerteza”, ponderou Campos Neto, citando riscos no fiscal, consolidação de desinflação e eleições em países relevantes.
2023 melhor do que esperado
Campos Neto também afirmou que o ambiente global tem favorecido o Brasil e que 2023 está sendo um ano melhor do que o esperado, mas que há desafios para o próximo ano. “Estamos em um ambiente que tem favorecido o Brasil, 2023 foi um ano bem melhor do que o esperado. Lembrando que tínhamos projeção de crescimento de 0,5%. Ouvi várias vezes que crédito ia colapsar, os juros fariam empresas quebrar, desemprego iria explodir. não aconteceu nada disso, ao contrário”
O presidente do BC destacou que na política monetária nem sempre o patamar dos juros em si é o mais importante, mas a credibilidade que ele gera, para a tomada de decisões futuras. “Entendemos que o processo de inflação não está ganho, mas se encaminha conforme o esperado”, disse.
Ele ponderou que a expectativa fiscal ainda está desancorada e na monetária, a inflação futura levemente acima da meta. “É importante fazer o dever de casa, apesar uma mensagem de consolidação fiscal, de que trabalhamos juntos, monetário e fiscal”, disse.
Reiterou que 2023 foi um ano melhor que esperado, mas que 2024 terá desafios. “É difícil cortar gastos, mas tem que ter sinalização fiscal de equilíbrio”, falou sobre as ações já encaminhadas pelo governo e ainda em tramitação no Congresso.
Do ponto de vista do BC, ele disse que é importante entender que o processo de melhora está em curso, mas 2024 terá grandes desafios.
Mais cedo, Campos Neto fez uma explanação sobre o cenário externo e pontuou que a pandemia sincronizou ciclos de crescimento dos países, que exigiram remédios para as políticas fiscal e monetária. Ele ponderou que os gastos do mundo desenvolvido com a pandemia foram maiores que dos emergentes e pobres e que em algum momento essa conta será cobrada.
Ele destacou que países como o Brasil, que iniciaram o processo contracionista mais cedo, já têm o benefício de redução dos juros, o que ainda não está ocorrendo no mundo desenvolvido. “A taxa de desinflação está em curso, mas é lenta, o que deixará taxa de juros dos países desenvolvidos mais alta”, pontuou.
Com informações do Estadão Conteúdo