Campos Neto: ‘Juro teria que ser de 26,5% para cumprir meta de inflação em 2023’
Presidente do Banco Central não deu pistas de quando o ciclo de cortes da Selic poderá começar
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na manhã desta quinta-feira (30) que ainda não olhou detalhes do arcabouço fiscal, anunciado pelo Ministério da Fazenda. A fala foi feita durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
“Vamos olhar e analisar o que está sendo analisado. Não fazemos fiscal, incorporamos nas expectativas, na função reação, como ‘input’ nas decisões”, ressaltou.
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O presidente do Banco Central disse que não pretende adotar novamente o “forward guidance”, que é uma indicação de passos futuros, para os juros, como foi feito em 2021.
“Não pensamos em colocar o ‘forward guidance’, quando colocamos lá atrás a situação era diferente, entendíamos que quando olhávamos a precificação, parecia que tinha um ganho naquele momento porque o que estava apressado na curva não correspondia com o que seria o movimento, agora a situação é diferente”, ressaltou.
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Quando o BC vai baixar os juros?
Roberto Campos Neto afirmou que não consegue antecipar a função reação da autoridade monetária, ao ser questionado sobre o horizonte do início dos cortes de juros. “Tem uma incerteza grande de curto e médio prazo”, ponderou.
Sobre a escolha dos novos diretores de política monetária e fiscalização, Campos disse não ter participado. “Não posso fazer comentários sobre os nomes ventilados, seria muito deselegante, não sei se são definitivos”, disse. “Sempre disse que escolha de diretores era uma prerrogativa do governo, a gente poderia ajudar”, complementou.
Sobre os cargos, o presidente do BC disse que, para a área de supervisão, é “muito importante que seja algum diretor da casa”. Para política monetária, ele ressaltou que é preciso entender do funcionamento do mercado. “A gente pode atuar como conselheiro na definição da meta, mais como consultor”, afirmou.
Sobre a defesa de utilizar instrumentos diferentes para objetivos distintos, Campos disse que “é obvio que crise extrema problema de liquidez afeta crescimento”. “Não tem como especular sobre o que será feito [em compulsórios], hoje não tem problema de liquidez. A gente tem um trabalho estrututal de longo prazo de linhas de liquidez para reduzir compulsório e também o direcionamento, que é uma meia entrada”, detalhou.
Meta de inflação
O chefe da autoridade monetária declarou ainda que “está fazendo um processo de suavização” do cumprimento da meta de inflação. “Se fosse cumprir a meta de inflação em 2023, teria que ter juro de 26,5%”, argumentou.
Campos disse que começa a ver “uma politização de uma linguagem muito técnica” da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ao ser questionado sobre o trecho que diz que o BC “não hesitará” em retomar o ciclo de ajuste de a desinflação não ocorrer como esperado, mantido na última decisão.
“Menção de alta de juro na ata vinha desde setembro, de antes da eleição”, ressaltou.