Cheiro de passado: província na Argentina cria ‘el chacho’ sua moeda própria
Em relatório, o BTG Pactual afirmou que a medida deve ter efeito neutro sobre os títulos da dívida do país.
O parlamento da província argentina de La Rioja aprovou nesta semana a criação de uma moeda própria, o Bocade, que será usada para pagar salários dos funcionários públicos, segundo informou o jornal argentino La Nacion.
O projeto do governador Ricardo Quintela determina que até 30% dos salários de servidores da província serão pagos com a nova moeda, ainda segundo a publicação. E entidades governamentais provinciais e municípios, para pagamento de dívidas e impostos, deverão aceitar a moeda.
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Assim, o governo tenta acordos com bancos e prestadores de serviços para que estes também recebam as notas como forma de pagamento.
Embora ainda não tenha sido formalmente criada, a nova moeda já ganhou até apelido: ‘el chacho’, de acordo com informado no relatório do BTG.
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Quintela argumentou que as transferências do governo federal foram severamente reduzidas com o novo governo e ele não teve outra saída.
El chacho: desafio para Milei
Assim, a decisão cria mais desafio para o presidente da Argentina Javier Milei, que assumiu em dezembro com uma agenda ultraliberal como forma de combater a inflação no país, superior a 100% ao ano.
Milei disse que os governadores são livres de emitir o que chama de ‘quase-moedas’, mas alertou que não receberão apoio do governo nacional.
Dessa maneira, a iniciativa de La Rioja remonta à outra crise Argentina do início do século, quando foram emitidas 17 ‘quase-moedas’, incluindo uma moeda federal.
Em relatório sobre o tema, o BTG Pactual comentou que as ‘quase-moedas’ têm o potencial de diluir as despesas internas, impondo um ajuste do peso, a moeda nacional.
Nessa perspectiva, afirmou o BTG, o impacto da medida sobre os títulos argentinos deve ser neutro.
Moedas e mais mais moedas na Argentina
Diante da forte desvalorização do peso, os argentinos já operam informalmente com várias outras moedas como forma de se protegerem da inflação.
Informalmente, o país já convive com várias cotações do dólar norte-americano, além da oficial.
Além disso, o uso de dólares e de criptomoedas para fins de poupança se tornou comum na Argentina.
Assim, o país praticamente não tem reservas líquidas em dólares, nem acesso aos mercados internacionais.
Milei ganhou a eleição presidencial em novembro prometendo fechar o Banco Central e dolarizar a economia do país.