CNC: Inadimplência entre mais pobres dispara e atinge recorde

Nível de brasileiros em situação de inadimplência manteve-se estável, enquanto número de superendividados teve leve alta

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A inadimplência entre mais pobres disparou em novembro e atingiu patamar recorde na leitura da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que anunciou há pouco a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

No estudo, a parcela de famílias endividadas diminuiu e ficou em 78,9% no mês passado, ante 79,2% em outubro, quando a taxa bateu o terceiro recorde consecutivo. Em novembro de 2021, era de 75,6%, o que significa um aumento de 3,3 pontos percentuais. Mas, entre os endividados, a parcela de inadimplentes manteve-se em 30,3% em novembro, mesma fatia de outubro, que já era a maior da série iniciada em 2020 – sendo que, em igual mês no ano passado, era de 26,1%.

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Juros continuam apertando famílias

No caso dos consumidores com até dez salários-mínimos de renda mensal, essa proporção de inadimplentes foi de 34,1% no mês passado, também a maior da série para essa faixa de renda.

“Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados porque os juros altos aumentam as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento. Com maior nível de endividamento, está mais difícil pagar todos os compromissos em dia, contas de consumo e dívidas”, detalhou a economista da CNC responsável pelo índice, Izis Ferreira, em comunicado à imprensa.

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A CNC informou ainda que, entre os inadimplentes, saltou de 10,6% para 10,9% os que informaram não ter condição de quitar seus débitos. Também houve piora na parcela de renda mensal do orçamento comprometida com pagamento de dívida, que subiu de 30,3% para 30,4% entre outubro e novembro.

“Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda apenas para pagar dívidas em novembro, isso sem contar os serviços e as contas de consumo como água, energia, telefone, gás, entre outras. Ou seja, a cada R$ 1.000 do rendimento, em média R$ 304 estão comprometidos com dívidas”, afirmou a economista, no comunicado.

‘Superendividamento’ tem leve alta

Outro aspecto citado pela entidade, no comunicado sobre o indicador, foi o patamar de “superendividados”. A proporção de famílias que se consideram muito endividadas chegou a 17,5% do total de lares em novembro, uma alta mensal de 0,2 ponto percentual (p.p.) ante mês imediatamente anterior, e de 2,7 p.p. na comparação anual.

Ao explicar menor fatia de endividados em novembro, mesmo com piora em outros indicadores sobre o tema, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembrou evolução positiva do mercado de trabalho; políticas de transferência de renda mais robustas; e queda da inflação nos últimos meses.

De acordo com o Caged, foram criadas 159.454 vagas líquidas de emprego em outubro, índice que veio abaixo do esperado pelo mercado financeiro e indica a desaceleração do mercado de trabalho no 4º trimestre.

Esses fatores reunidos, na prática, levaram a aumento da renda disponível, notou ele. “Mesmo com o cenário de melhoria do mercado de trabalho, os consumidores seguem cautelosos quanto à contratação de novas dívidas neste fim de ano, tanto pelo alto índice de endividamento e comprometimento da renda quanto pelos juros, que seguem altos”, acrescentou, no entanto, Tadros.

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