Construção volta a surpreender e pode crescer 5% em 2022, diz FGV Ibre
Segundo o IBGE, o segmento subiu 2,7% no segundo trimestre ante o primeiro
Contrariando a expectativa de que pudesse desacelerar, a construção civil voltou a crescer acima do previsto e deve levar a revisões sobre o PIB do setor no ano, afirma a economista Ana Maria Castelo.
A coordenadora de Projetos da Construção no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) estimava uma expansão de 3,5% para o segmento este ano, mas agora vê um número mais perto de 4,5% ou até 5%.
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Segundo o IBGE, o segmento subiu 2,7% no segundo trimestre ante o primeiro, o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2021 (4,4%). Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a expansão foi de 9,9%.
“O resultado foi surpreendente porque acelerou mesmo levando em conta a base de comparação forte do quarto trimestre do ano passado e também que os investimentos públicos ligados ao ciclo eleitoral começam a cair”, diz a pesquisadora. “Foi o oitavo trimestre consecutivo de crescimento, bastante beneficiado nos ultimos anos por medidas do governo.”
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Castelo ressalta que o carrego estatístico do primeiro trimestre para o ano é de 7%. Ou seja, se o segmento andar de lado até dezembro, este seria o crescimento. Apesar disso, ela pondera que a perspectiva é que, em algum momento, a esperada desaceleração chegue ao setor.
“Acredito que o cenário se torna mais desafiador. Do ponto de vista dos investimentos públicos, o fim do ciclo eleitoral e também as desonerações que atingem os estados devem reduzir essa demanda. Já o mercado imobiliário deve cair também, por causa da comparação com o segundo semestre de 2021, que foi muito forte. O setor tem um ciclo longo e foi muito beneficiado pelas ações do governo nos últimos anos”, diz.
Um ponto de atenção, alerta, é o investimento das famílias em construção e reformas, que é mais difícil de ser previsto. Embora os dados do comércio varejista apontem que o setor está em baixa após o ótimo desempenho no período da pandemia, fatores como o Auxílio Brasil turbinado podem dar algum impulso adicional a ele.
Castelo pondera ainda que, apesar do bom desempenho recente, a construção civil ainda está mais de 20% abaixo do pico registrado no primeiro semestre de 2014. “O mercado imobiliário está puxando o segmento, mas principalmente por causa do segmento de média e alta renda. A construção social foi reduzida e as obras em infraestrutura também – aquele era o período pré-Copa do Mundo e pré-Olimpíadas”, lembra. “O investimento publico como um todo também caiu, ao passo que o investimento privado cresceu, mas sem conseguir retomar o patamar alcançado naquele momento.
Segundo o IBGE, a taxa de investimento ficou em 18,7% no segundo trimestre na comparação com o trimestre anterior. foi a maior leitura para o período desde o segundo trimestre de 2014.