Copom avança uma casa para possível alta da Selic, dizem economistas

Autoridade monetária sinalizou maior vigilância no futuro se as expectativas de inflação piorarem

Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB
Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu o tom das preocupações sobre à inflação futura e abriu a porta para uma possível alta da Selic.

Essa foi a conclusão de alguns economistas sobre o tom do comunicado do colegiado de nove diretores do Banco Central, após manterem a taxa básica em 10,5% ao ano, como amplamente esperado pelo mercado.

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Uma das frases do comunicado do Copom já fez referência à inflação brasileira estimada para o primeiro trimestre de 2026.

Nos cenários que considera mais prováveis, o índice anual fica em 3,4% ou 3,2% no período, em ambos os casos acima da meta, de 3%.

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Apesar de repetir a menção de manter o juro numa faixa restritiva por um período relevante, o órgão acrescentou que se manterá “vigilante”.

A expectativa do mercado para a inflação pelo IPCA em 2024 e 2025 está em 4% e 4,1%, respectivamente.

Economistas vêem Copom pressionado por projeção de inflação

“Alguns elementos chamam a atenção, especialmente a menção a questão de que o Copom pode ficar mais vigilante no futuro, se as expectativas de inflação piorarem”, escreveu o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

“Ficar mais vigilante pode ser lido como vai subir juros, acho que não tem outra maneira de ler isso”, acrescentou.

No X (antigo Twitter), o ex-diretor do BC Tony Volpon afirmou que o Copom deveria mesmo deixar claro a possibilidade de aumento de juro.

“A pior decisão será ignorar a piora e rezar que Powell (Jerome Powell, presidente do Federal Reserve) ajudará em setembro”, escreveu o economista.

A referência de Volpon diz respeito à expectativa do mercado de que o Fed, banco central dos Estados Unidos, corte o juro do país em setembro.

Dessa forma, se essa previsão de confirmar, em tese tenderia a enfraquecer o dólar, valorizando o real.

A forte queda da moeda brasileira em relação à divisa dos EUA nos últimos meses é um dos fatores que tem piorado as expectativas para a inflação brasileira.

Portanto, se o Fed cortar juro em setembro, isso reduziria a necessidade de o Copom subir o juro para combater a inflação aqui.

Atividade econômica e emprego

Outros dados econômicos domésticos também têm chamado atenção da autoridade monetária, como os de atividade econômica e emprego.

Por exemplo, o IBGE informou nesta tarde que a taxa de desemprego no Brasil recuou para 6,9% da força de trabalho, como esperado.

Isso significou uma queda de 1 ponto percentual ante março e foi a menor taxa de desocupação para um segundo trimestre desde 2014 (6,9%).

A próxima reunião do Copom acontece nos dias 17 e 18 de setembro.

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