Criptomoedas desabam com correção no pós-Merge e cautela nos mercados de risco
O bitcoin perdeu mais uma vez o patamar de US$ 20 mil
Passada a esperada atualização do Ethereum, maior blockchain em uso comercial no mundo, as principais criptomoedas entraram em um período de correção nos preços, que podem tornar o segmento mais competitivo em meio à cautela que impera nos mercados de risco com os ajustes na política monetária para segurar a inflação e as perspectivas de recessão e desaceleração na atividade econômica.
O bitcoin perdeu mais uma vez o patamar de US$ 20 mil e o ether, moeda nativa do Ethereum, voltou a ser negociado abaixo de US$ 1.500.
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A poucos dias de mais uma decisão de juros pelo Federal Reserve, os mercados de ações europeu e americano estenderam as perdas dos últimos dias, pressionando papéis de tecnologia e ligados ao mercado de criptoativos.
Entre os tokens nativos das blockchains, a maior baixa é do ether, movimento esperado pelos investidores do segmento que já tinham feito hedge contra eventuais problemas na atualização da rede.
Perto das 9h10 (horário de Brasília), o ether tinha queda de 7% nas últimas 24 horas, a US$ 1.477,21. Já o bitcoin, maior e mais antiga criptomoeda, recuava 1,4% para US$ 19.836,65. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas é de US$ 1,01 trilhão. Em reais, o bitcoin registrava baixa de 0,7% a R$ 104.463, enquanto o ethereum tinha perdas de 6,2% a R$ 7.808,96, de acordo com valores fornecidos pelo MB.
Para André Franco, chefe de pesquisa do MB, o recuo das moedas digitais está ligado ao cenário macroeconômico, que precifica “alguma probabilidade” de aumento de 1 ponto percentual na taxa de juros americana. “O anúncio do juros é no dia 21, mas o mercado já começa a colocar suas apostas de uma maior agressividade do Fed para conter a inflação. Nos dados on-chain vemos uma estabilização nas posições dos investidores de longo prazo (LTH)”, disse.
No caso do ethereum, Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, avalia que a baixa é de curto prazo porque antes os investidores especulavam com a expectativa pela atualização e agora não possuem mais nenhum grande evento no horizonte. “O mercado dá um repique na euforia, mas o ‘The Merge’ foi um grande sucesso. No longo prazo, ele torna o ethereum mais escasso, e deve atingir novas máximas. No curto prazo há muito ruído”, avalia.
Lars Janér, head do fundo Lupa Web3 da KPTL, comenta que o movimento não reflete preocupações técnicas como a possibilidade de bugs ou problemas de segurança no novo sistema de validação da rede, mas demonstra muito mais uma desmontagem de posições de quem estava comprado na tese do “Merge”. “O ethereum está caindo mais pela movimentação das carteiras pré-Merge, com teses de que cairia muito ou subiria muito, mas tinha gente se posicionando para um possível fork [divisão da rede em duas] e essa possibilidade está bem menos possível”, disse.