Crise em bancos estrangeiros tem ‘impacto limitado’ no Brasil, aponta BC

Autoridade monetária local vê esforços das autoridades estrangeiras 'para restaurar a confiança nos sistemas financeiros e evitar o contágio'

Fachada da sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Adriano Machado/Reuters
Fachada da sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Adriano Machado/Reuters

O Banco Central (BC) avalia que a crise em bancos estrangeiros tem “impacto limitado” para instituições brasileiras “sem mudanças na estabilidade ou na eficiência do sistema”, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado nesta quarta-feira (10).

Além disso, o BC apontou elevação da incerteza também no mercado global, com a crise de bancos no exterior.

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“Apesar dos esforços das autoridades para restaurar a confiança nos sistemas financeiros e evitar o contágio para outras instituições e outras jurisdições, há elevada incerteza sobre os desdobramentos dos eventos recentes”, destacou.

O BC informou que segue “acompanhando atentamente” a situação.

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O relatório destacou, ainda, que o sistema financeiro e o mercado de capitais desaceleraram o crescimento do crédito no Brasil.

“Embora continue crescendo em ritmo elevado, a desaceleração foi mais acentuada nas operações de maior risco do SFN [sistema financeiro] com pessoas físicas, como as ligadas a cartões de crédito”, disse.

“No geral, o crédito às PFs [pessoas físicas] arrefeceu, exceto o crédito rural e o crédito imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis”, ressaltou. Segundo o BC, o crédito às empresas desacelerou em ritmo mais suave.

Ainda assim, as instituições financeiras permaneceram com elevado apetite ao risco. “Apesar do recuo no ritmo de crescimento, o crédito ainda cresceu forte em modalidades mais arriscadas às famílias, como cartão de crédito e crédito não consignado”, afirmou o documento.

“Em relação às empresas de menor porte, a redução do apetite ao risco foi marginal, uma vez que não se percebeu alteração relevante na estimativa de qualidade das concessões. No início de 2023, o caso Americanas provocou aumento no custo do crédito via mercado de capitais e uma postura mais rigorosa das IFs [instituições financeiras] nas operações de ‘risco sacado'”, complementou.

O REF mostrou, ainda, que a materialização de risco arrefece, “mas deve permanecer elevada no médio prazo”. “Em linha com o aumento da materialização de risco, as provisões aumentaram e permanecem acima das perdas esperadas”, disse.

A materialização do risco é quando o cliente deixa de honrar seus compromissos e o banco precisa cobrir com o que foi guardado em provisão.

Com o aumento das provisões, que são recursos que o banco precisa manter em caixa para assegurar as operações, a rentabilidade do sistema financeiro recuou.

“A discreta redução da rentabilidade no semestre foi acentuada devido ao caso Americanas. Embora o forte aumento das despesas de provisão no último semestre de 2022 esteja relacionado a esse evento, a materialização do risco tem resultado no elevado aumento dessas despesas de forma geral”, pontuou o BC.

Segundo a autoridade monetária, contribuíram para a redução da rentabilidade o declínio do ritmo de crescimento das rendas de serviços e a pressão da inflação sobre as despesas administrativas.

“A margem de juros caiu levemente no segundo semestre de 2022, mas sinaliza estabilização por dois motivos: a renovação gradual da carteira de crédito a taxas maiores começa a compensar a elevação do custo de captação, e os ganhos de tesouraria tendem a diminuir em razão da estabilização da taxa Selic”, destacou.

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