- Home
- Mercado financeiro
- Economia
- Dados econômicos da semana reforçam diferentes convicções sobre o próximo Copom
Dados econômicos da semana reforçam diferentes convicções sobre o próximo Copom
Ao fim de uma semana coalhada de importantes indicadores econômicos, os analistas estão mais convictos de suas apostas para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de segunda (19) e terça-feira (20), na qual se decidirá para onde vai a taxa básica de juros brasileira.
No início de agosto, a instituição aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano, e sinalizou que deve mantê-la nesse patamar por algum tempo. Ao menos foi isso que a maioria do mercado entendeu – e continua prevendo. Mas há quem acredite que ainda há espaço para uma nova elevação de 0,25 ponto percentual na semana que vem.
Um dos argumentos que poderiam justificar uma alta está no IBC-Br, índice de atividade econômica calculado pelo BC que funciona como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Divulgado na quinta (15), o indicador ficou muito acima das expectativas: 1,17%, contra 0,4% da projeção do mercado. Sinaliza que a atividade está mais aquecida do que se via.
Último a se recuperar da pandemia de Covid-19, o setor de serviços é, no momento, o mais forte. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou na terça (13), avançou 1,1% em agosto, mais do que o 0,7% das estimativas. Tem se beneficiado do aumento do nível de emprego – formal ou informal, coloca dinheiro no bolso – e de programas sociais como o Auxílio Brasil, que subiu de R$ 400 para R$ 600 por mês em agosto, além dos abonos especiais para caminhoneiros e taxistas.
“Ninguém tinha, como cenário-base, os estímulos à demanda que foram dados, incluindo os cortes de impostos sobre combustíveis e energia elétrica”, diz Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da gestora de investimentos Galapagos Capital. “Mas não acredito que o IBC-Br vai fazer o BC mudar de estratégia e aumentar os juros novamente na próxima semana.”
Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, já vinha apostando em um aumento de 0,25 p.p. da Selic no dia 21 e segue firme nessa projeção. “Em comentários públicos nas últimas semanas, os diretores e o próprio presidente do BC falaram de forma bastante hawkish“, diz Vilarim. “Então, chegando nos 14%, poderia segurar nesse patamar por mais tempo, bem na linha do que os demais BCs no mundo devem fazer: higher for longer, ou seja, mais restritiva por mais tempo.”
O IBC-Br também superou a estimativa de Daniel Xavier, economista-chefe do banco ABC Brasil, que era de 0,3%. Mas é preciso considerar que, por ser mensal, pode ficar um pouco mais volátil do que o PIB, que é o índice de fato considerado pelo Copom e pelo mercado em suas estimativas.
Achamos que o BC parou mesmo de subir os juros. Poderia até aumentar 0,25 p.p. na próxima reunião, mas não creio”, diz Xavier. “A dúvida é quando começará a cortar. Os que vêem a atividade caindo podem imaginar que será no primeiro semestre de 2023. Os que avaliam que a inflação ainda é uma ameaça esperam uma redução apenas no segundo semestre. Nós estamos imaginando que vai começar na metade do ano.”
No entanto, o cenário de 2023 ainda parece bastante incerto, ganhe quem ganhar as eleições para presidente. A principal dúvida diz respeito aos benefícios sociais. O Auxílio Brasil será mantido? Em qual valor? A resposta a essa pergunta vai ter bastante peso na definição do rumo da inflação e, consequentemente, dos juros.
Leia a seguir