Dados econômicos da semana reforçam diferentes convicções sobre o próximo Copom

Maior parte do mercado aposta que BC vai manter juros em 13,75% ao ano na semana que vem, mas há quem acredite em um novo aumento de 0,25 ponto percentual

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Ao fim de uma semana coalhada de importantes indicadores econômicos, os analistas estão mais convictos de suas apostas para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de segunda (19) e terça-feira (20), na qual se decidirá para onde vai a taxa básica de juros brasileira.

No início de agosto, a instituição aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano, e sinalizou que deve mantê-la nesse patamar por algum tempo. Ao menos foi isso que a maioria do mercado entendeu – e continua prevendo. Mas há quem acredite que ainda há espaço para uma nova elevação de 0,25 ponto percentual na semana que vem.

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Um dos argumentos que poderiam justificar uma alta está no IBC-Br, índice de atividade econômica calculado pelo BC que funciona como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Divulgado na quinta (15), o indicador ficou muito acima das expectativas: 1,17%, contra 0,4% da projeção do mercado. Sinaliza que a atividade está mais aquecida do que se via.

Último a se recuperar da pandemia de Covid-19, o setor de serviços é, no momento, o mais forte. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou na terça (13), avançou 1,1% em agosto, mais do que o 0,7% das estimativas. Tem se beneficiado do aumento do nível de emprego – formal ou informal, coloca dinheiro no bolso – e de programas sociais como o Auxílio Brasil, que subiu de R$ 400 para R$ 600 por mês em agosto, além dos abonos especiais para caminhoneiros e taxistas.

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“Ninguém tinha, como cenário-base, os estímulos à demanda que foram dados, incluindo os cortes de impostos sobre combustíveis e energia elétrica”, diz Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da gestora de investimentos Galapagos Capital. “Mas não acredito que o IBC-Br vai fazer o BC mudar de estratégia e aumentar os juros novamente na próxima semana.”

Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, já vinha apostando em um aumento de 0,25 p.p. da Selic no dia 21 e segue firme nessa projeção. “Em comentários públicos nas últimas semanas, os diretores e o próprio presidente do BC falaram de forma bastante hawkish“, diz Vilarim. “Então, chegando nos 14%, poderia segurar nesse patamar por mais tempo, bem na linha do que os demais BCs no mundo devem fazer: higher for longer, ou seja, mais restritiva por mais tempo.”

O IBC-Br também superou a estimativa de Daniel Xavier, economista-chefe do banco ABC Brasil, que era de 0,3%. Mas é preciso considerar que, por ser mensal, pode ficar um pouco mais volátil do que o PIB, que é o índice de fato considerado pelo Copom e pelo mercado em suas estimativas.

Achamos que o BC parou mesmo de subir os juros. Poderia até aumentar 0,25 p.p. na próxima reunião, mas não creio”, diz Xavier. “A dúvida é quando começará a cortar. Os que vêem a atividade caindo podem imaginar que será no primeiro semestre de 2023. Os que avaliam que a inflação ainda é uma ameaça esperam uma redução apenas no segundo semestre. Nós estamos imaginando que vai começar na metade do ano.”

No entanto, o cenário de 2023 ainda parece bastante incerto, ganhe quem ganhar as eleições para presidente. A principal dúvida diz respeito aos benefícios sociais. O Auxílio Brasil será mantido? Em qual valor? A resposta a essa pergunta vai ter bastante peso na definição do rumo da inflação e, consequentemente, dos juros.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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