Entenda o que significa para a Selic a manutenção dos juros nos EUA

Aposta majoritária do mercado é de que BC pode sinalizar na semana que vem que taxa básica começa a cair em agosto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado

A pausa no ciclo de aumento de juros nos Estados Unidos deve aumentar a pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a iniciar o ciclo de cortes sobre a Selic, que está em 13,75% desde agosto do ano passado, maior nível desde 2016.

O Federal Reserve, autoridade monetária dos EUA, manteve nesta quarta-feira o juro do país na faixa de 5% a 5,25% ao ano, na esteira de dados de inflação recentes mais brandos.

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“A demanda aqui por queda do juro pode ser pressionada”, disse o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo. “Alguns vão defender que, se até o Fed, que é o maior falcão contra a inflação parou, a gente poderia também”.

Copom se reúne nos próximos dias 20 e 21 de junho

A expectativa majoritária do mercado é de que a taxa seja mantida pela sétima reunião seguida, mas que o comunicado que acompanha as decisões dê alguma indicação de que uma queda possa acontecer no próximo encontro do colegiado, em primeiro e 2 de agosto.

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As apostas em corte da taxa básica no Brasil têm crescido nas últimas semanas, em meio a sucessivos dados de inflação vindo abaixo das expectativas do mercado. O IPCA de maio, por exemplo, apontou alta de 0,23%, acumulando 3,94% em 12 meses, abaixo do piso das expectativas. A meta do BC é perseguir inflação de 3% ao ano.

Na terça-feira (13), o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou num evento do setor de varejo que a aprovação do arcabouço fiscal e a queda recente da inflação estão criando um ambiente favorável “para trabalharmos com um juro mais baixo em algum momento à frente”.

Em tese, pressão se reduz

Com os juros estáveis nos EUA e a queda da inflação brasileira, na prática, o juro real brasileiro fica comparativamente mais alto do que o de outras economias, o que em tese reduz a necessidade de se manter taxas muito elevadas para evitar uma depreciação da moeda e pressionar a inflação.

Segundo levantamento da gestora de recursos Infinity Asset, em maio no Brasil a taxa de juro real – aquela que desconta a inflação – era de 6,42% ao ano, a maior entre 40 países com ativos de renda fixa mais líquidos no mercado internacional.

Quando criticado pelo fato de o nível de taxa de juros no Brasil ser maior do que na média internacional, Campos Neto tem dito que o BC brasileiro foi um dos primeiros a iniciar o ciclo de alta para combater a inflação, por isso obtendo resultados mais rápidos.

“Mas o diferencial de juros do Brasil está aumentando”, disse o consultor Roberto Troster, ex-economista-chefe da Febraban. Segundo ele, embora o cenário-base seja de a Selic começar a cair em agosto, mas não descarta que o colegiado surpreenda e comece a fazer isso na semana que vem.

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