Instituições financeiras reduziram captações com garantia do FGC, aponta Banco Central

BC destaca em relatório que não há risco relevante para a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do Banco Central (BC) apontou que a maioria das instituições reduziu a participação de captações garantidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no seu funding, após resolução do Conselho Monetário Nacional Nacional (CMN) de dezembro de 2023.

Segundo o REF divulgado nesta terça-feira, o objetivo da resolução era desincentivar o uso de garantia do FGC “como principal atrativo para a captação de recursos” pelas instituições financeiras.

A discussão sobre esse tema está associada ao Banco Master, que utilizou a emissão de um grande volume de Certificados de Depósito Bancário (CDBs), instrumento garantido pelo FGC, e chamou a atenção do mercado.

O REF não mencionou nenhum caso específico e destacou que entre as instituições que atingiam ou estavam próximas aos limites, “a maioria apresentou uma redução no indicador captação segurada, diminuindo a dependência das captações cobertas pelo fundo garantidor”, destacou.

Riscos para a estabilidade do sistema financeiro nacional

O Banco Central (BC) avaliou que não há risco relevante para a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN). A análise consta no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2024 divulgado nesta terça-feira.

Para o BC, o SFN tem níveis de capitalização e liquidez confortáveis, além de provisões adequadas para o nível de perdas esperadas. “Além disso, os testes de estresse de capital e de liquidez demonstram a robustez do sistema bancário”, apontou o REF.

Segundo o relatório, o financiamento à economia real continuou a acelerar no segundo semestre de 2024, mas as instituições financeiras indicaram mais cautela no apetite ao risco neste ano, como mostrou a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC).

O documento destacou que mesmo com o início do ciclo de elevação da taxa básica de juros em setembro de 2024, o crédito às famílias continuou acelerando em modalidade de menor risco e para tomadores com menor renda. Também houve uma “leve piora” na qualidade das contratações de crédito.

No crédito para as empresas, a análise constatou que os critérios de contratação não se alteraram de forma significativa. “Com efeito, os riscos relacionados à situação financeira de famílias e empresas continuam demandando a preservação da qualidade das concessões”, destacou o relatório.

Ao explorar os resultados dos testes de estresse de liquidez e capital e das análises de risco apontadas, o relatório destacou que o sistema bancário segue resiliente, mas, em um cenário simulado de crise de confiança, grupo “considerável” de bancos teria restrições para distribuir lucros.

“Os resultados dos testes de estresse de capital permanecem indicando que não haveria desenquadramentos relevantes nos cenários simulados. Ressalta-se que o cenário de crise de confiança partiu de uma situação econômica inicial mais fragilizada do que a considerada no REF anterior. Esse cenário mais estrito foi relevante para que instituições que representam mais de 40% do sistema, embora enquadradas, ficassem com restrições a distribuir lucros”.

Impacto da Selic alta para as empresas não financeiras

O Banco Central (BC) estimou que o atual ciclo de elevação na taxa de juros “terá forte impacto para as empresas não financeiras, porém mais moderado que durante a recessão de 2015-2016″.

O estudo do BC estimou o Índice de Cobertura de Juros (ICJ) e o retorno sobre o patrimônio das empresas de capital aberto no horizonte de um ano a partir os dados de setembro de 2024. Segundo a avaliação, a capacidade de pagamentos “cairá expressivamente”.

Sobre o ICJ, a situação das empresas com o indicador, calculado como a razão entre Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o resultado financeiro menor que 1 seria melhor do que a verificada durante a recessão de 2015 e 2016 e na pandemia.

O relatório também destacou que o impacto do ICJ deve ser visto com “bastante cautela” porque o “choque de juros” pode ser positivo para empresas que tenham aplicações financeiras e que teriam aumento nas receitas financeiras.

Na avaliação de rentabilidade, a estimativa é de que o indicador cairia para um nível menor do que o da pandemia, mas maior do que observados em 2015 e 2016.

Com informações do Valor Econômico

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